A visão “agridoce” do J.P. Morgan em relação à São Martinho

A visão


Numa visão “copo meio cheio, meio vazio”, os analistas do J.P. Morgan demonstram otimismo em relação às perspectivas de médio prazo da São Martinho, ao mesmo tempo em que não gostam do que veem neste momento.

O resultado dessa divisão foi a decisão de elevar a recomendação para as ações da companhia de neutro para compra e cortar o preço-alvo dos papéis de R$ 38 para R$ 35, valor que pressupõe (mesmo assim) um upside de 30%.

Olhando para os aspectos positivos da tese da São Martinho, os analistas Lucas Ferreira e Froylan Mendez avaliam que a cotação do açúcar está mostrando sinais de recuperação e o etanol deve se beneficiar de um aumento de preços por conta de um mercado mais restrito em termos de oferta.

“Permanecemos bullish em relação às cotações do açúcar e do etanol, com o preço do açúcar para o período de 2025/26 estando 23% acima do consenso”, diz trecho do relatório. “E estamos cautelosamente otimistas com os preços do etanol, uma vez que um período entressafras maior pode resultar em um aperto ainda maior no equilíbrio entre oferta e demanda.”

O J.P. Morgan diz que o mercado começou a perceber que a colheita de açúcar no Brasil deve ser menor, reavaliando a expectativa de uma produção de cerca de 42 milhões de toneladas de açúcar, pesando sobre a produção global e puxando os preços para cima.

E com a maior parte da produção hedgeada, junto com os efeitos das queimadas nas lavouras de cana de açúcar, que devem aumentar o período entressafras, o preço do etanol pode ter um aumento no mercado.

“Caso os preços subam para além de R$ 2,80 por litro [preço de referência], poderemos ter revisões positivas em nossas projeções e também no consenso, levando a um Ebitda ajustado potencial, no melhor dos cenários, perto de R$ 4 bilhões”, diz trecho do relatório.

Ainda que tenha alertado para os efeitos das queimadas no mercado, os analistas do J.P. Morgan destacam que o evento não deve ter consequências muito negativas para a São Martinho em termos operacionais.

Segundo eles, embora a situação tenha afetado cerca de 20 mil hectares, os investimentos complementares para preservar a produtividade foram estimados em R$ 70 milhões, valor considerado baixo, considerando o capex de cerca de R$ 2 bilhões.

No lado negativo da balança, os analistas do J.P. Morgan apontam que os preços do açúcar e etanol estão baixos no acumulado do ano. Junto com o aumento de despesas com investimentos, a situação forçou uma revisão do preço-alvo da São Martinho.

Sob o ponto de vista de valuation, o J.P. Morgan destacou que as ações são negociadas a um múltiplo atrativo de EV/Ebitda para 2025, de cerca de 3 vezes, e possui um free cash flow yield interessante, de 17%, quando se exclui capex.

Por volta das 12h45, a ação SMTO3, da São Martinho, subia 2,32%, a R$ 27,37. No ano, o papel acumula queda de 3,9%, levando o valor de mercado a R$ 9,4 bilhões.



Fonte: NeoFeed

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