Dez dias após surpreender o mercado com uma oferta de fusão com a farmacêutica Hypera, a EMS, do empresário Carlos Sanchez, recuou e retirou a oferta de fusão que criaria uma empresa com faturamento de R$ 16 bilhões e um Ebitda de R$ 4,9 bilhões.
O recuo foi formalizado em cartão enviada à Hypera, depois que o conselho de administração da farmacêutica, que tem como acionista de referência o empresário João Alves de Queiroz Filho, conhecido como Júnior, ter rejeitado a oferta em tom duro.
Após a negativa com conselho de administração da Hypera, a EMS ainda fez tentativas de convencer os acionistas da empresa. Segundo publicou o NeoFeed, a farmacêutica de Sanchez fez um road show com acionistas em São Paulo e Rio de Janeiro e conversou com investidores de fora do Brasil. A ideia era convencê-los do mérito da proposta e tentar aprovar a união das duas empresas em uma assembleia de acionistas.
A tática, considerada hostil pelo conselho de administração da Hypera, no entanto, não surtiu efeito. O que não significa que Sanchez não deve tentar outros meios para buscar um acordo. Na carta, a EMS reitera vê méritos na operação e que está aberta para negociar os termos da fusão.
As duas empresas já chegaram a conversar sobre uma possível fusão no passado. Mas as negociações, que sempre foram mornas, nunca avançaram. E a abordagem de Sanchez, dessa vez, irritou Júnior.
A proposta de fusão aconteceu em um momento que a as ações da Hypera desabavam mais de 15% por conta de mudanças anunciadas pela farmacêutica.
Em 18 de outubro, a Hypera informou que havia iniciado um “processo de otimização do capital de giro”, por meio da redução da política de prazo de pagamento concedida aos clientes.
A companhia acrescentou que o objetivo era incrementar sua geração de caixa operacional em cerca de R$ 2,5 bilhões até 2028 e em R$ 7,5 bilhões nos próximos dez anos.
Além disso, a empresa descontinuou seu guidance para 2024 e divulgou números prévios para o último trimestre, com receitas, Ebitda e lucro que não agradaram parte do mercado. Para o terceiro trimestre, a Hypera projetava faturamento líquido ao redor de R$ 1,9 bilhão, um Ebitda perto de R$ 561 milhões e lucro líquido em torno de R$ 370 milhões.