OpenAI enfrenta êxodo de funcionários e resistência para se tornar um “negócio real”

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A OpenAI, dona do ChatGPT, não imaginava atingir a escala e sucesso que tem hoje há dois anos, quando começou a ganhar destaque por sua inteligência artificial. Antes um laboratório sem fins lucrativos que trabalhava com uma tecnologia obscura, a companhia se transformou rapidamente em uma empresa mundialmente famosa.

E esse pode ser o seu problema. A companhia, que agora se prepara para ter fins lucrativos, está sofrendo um êxodo de funcionários e está perdendo parte de sua força. Mira Murati, diretora de tecnologia da OpenAI, foi a mais recente perda da OpenAI, após deixar sua função na gigante de tecnologia avaliada em US$ 80 bilhões.

Ela, porém, não foi a única. No ano passado, diversos líderes da OpenAI deixaram a empresa, incluindo executivos-chave, como Bob McGrew, responsável pela divisão de pesquisa da empresa, e Barret Zoph, que trabalhava com McGrew e liderava a equipe que prepara novos modelos de IA.

A cofundadora e cientista-chefe Ilya Sutskever, que fez parte do conselho que tentou tirar Sam Altman da companhia por preocupações com a gestão, também deixou a empresa em maio deste ano. John Schulman, outro cofundador, deixou o cargo no mês passado e se aliou a rival Anthropic.

O cofundador que restou, Greg Brockman, decidiu tirar uma licença prolongada, o que levantou questões sobre a sua relação com Altman.

Dentre esses casos, algumas tensões envolvem a ética e falam sobre a perspectiva inicial da empresa de desenvolver IA para o bem público. Outras estão ligadas a problemas de gestão e disputas internas entre os executivos. Independentemente do motivo, a empresa original, que chamou a atenção dos investidores, está se desfazendo.

De acordo com o site The Information, Altman afirmou em um memorando enviado aos funcionários na quarta-feira, 25 de setembro, que estaria mais envolvido nas “partes técnicas e de produto da empresa”, após focar principalmente em aspectos “não técnicos”, como captação de recursos, relações governamentais e parcerias comerciais com Microsoft, Apple e outras empresas.

“Obviamente, não vou fingir que é natural essa mudança de liderança ser tão abrupta, mas não somos uma empresa comum”, escreveu Altman. Os líderes técnicos da empresa, que anteriormente respondiam a Murati e McGrew, agora se reportarão diretamente a Altman, segundo ele.

Ao mesmo tempo que as perdas pesam, a companhia tem investido em se tornar cada vez mais “normal”, na perspectiva corporativa. Em menos de um ano, a OpenAI aumentou a sua folha de pagamento de 770 para 1.700 funcionários e nomeou seu primeiro diretor financeiro e diretor de produto. Isso fez com que o conselho da companhia se tornasse mais robusto.

“Acredito que isso será, espero, uma ótima transição para todos os envolvidos, e espero que a OpenAI fique mais forte por causa disso, assim como estamos em todas as nossas transições”, disse Altman em um evento. “Estou muito animado para capacitar uma nova geração de líderes.”

Apesar de demonstrar que a situação não afeta a companhia, o momento não poderia ser pior para tais mudanças. A startup está em busca de uma nova rodada de investimentos, que pode chegar a cifra de US$ 6 bilhões, elevando seu valor de mercado para US$ 150 bilhões. Nomes como Microsoft, Apple e Nvidia estão em conversas para entrar na nova captação.

Com as mudanças, o negócio pode se tornar mais difícil, já que os investidores buscam por estruturação e estabilidade em uma empresa. Porém, as visões sobre as recentes movimentações da OpenAI estão divididas.

Para alguns funcionários, as mudanças são, efetivamente, necessárias para que a OpenAI seja financeiramente viável, considerando os bilhões de dólares que custam para desenvolver e operar modelos de IA. Eles ainda argumentam que a IA precisa ir além do laboratório e entrar no mundo para mudar a vida das pessoas, segundo uma reportagem do The Wall Street Journal.

Outros especialistas na tecnologia que fazem parte da companhia desde seu lançamento, no entanto, acreditam que a injeção de capital e a perspectiva de lucros massivos corromperam a cultura da OpenAI.

Com lucro ou sem, a saída dos executivos causa outro problema para a OpenAI. Até o momento, pesquisadores de IA respeitados, especialmente aqueles com histórico na companhia, não tiveram muita dificuldade em captar recursos no mercado de venture capital.

Esse é o caso da Safe Superintelligence, startup fundada pelo cofundador e ex-cientista chefe da OpenAI, Ilya Sutskever, que recebeu aporte de US$ 1 bilhão para investir em modelos de inteligência artificial mais “seguros”, mesmo sem ter um produto desenvolvido.

Além dos colaboradores e da concorrência, os especialistas afirmam que, para manter o crescimento, a companhia dependerá da manutenção de sua vantagem tecnológica, que é o que a coloca na liderança do jogo.

O próximo modelo fundamental da empresa, o GPT-5, enfrentou contratempos e atrasos. Ao mesmo tempo, a Anthropic e a xAI de Elon Musk, que foram fundadas por ex-líderes da OpenAI, estão correndo para lançar modelos que se aproximem dos oferecidos pela empresa de Altman.

Esse será, em breve, o próximo problema.



Fonte: NeoFeed

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