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EUA e China: Acordo alivia produtores americanos de soja – 31/10/2025 – Mercado


A trégua comercial firmada nesta quinta-feira (30) entre Estados Unidos e China restabeleceu uma linha vital de receita para os produtores americanos de soja, após meses de preocupação de que um boicote prolongado de Pequim pudesse levá-los à falência.

O presidente Donald Trump afirmou nas redes sociais que o líder chinês, Xi Jinping, autorizou importadores chineses a comprar “quantidades maciças” de soja, sorgo e outros produtos agrícolas dos EUA.

“Os nossos fazendeiros ficarão muito felizes!”, escreveu Trump.

Os termos finais do acordo ainda não foram divulgados, mas tudo indica que as compras chinesas de produtos agrícolas voltarão aos níveis anteriores à retomada do governo Trump e ao início de sua nova guerra comercial. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse à Fox Business Network que a China concordou em comprar 12 milhões de toneladas de soja dos EUA entre agora e janeiro, e pelo menos 25 milhões de toneladas por ano nos três anos seguintes.

O volume de 25 milhões de toneladas equivale à média das compras anuais chinesas em anos recentes.

Como os preços da soja variam, não está claro quanto a China gastará com essas aquisições no futuro.

Bessent, que possui milhares de hectares de lavouras de soja em Dakota do Norte, afirmou esperar que Trump continue pressionando Pequim a realizar compras adicionais.

A soja é o principal produto de exportação dos EUA para a China em valor. No ano passado, o país asiático comprou US$ 12,6 bilhões em soja americana, mas, após Trump impor tarifas elevadas sobre importações chinesas, Pequim passou a adquirir o grão principalmente do Brasil.

A perda do mercado chinês para a soja e outros produtos agrícolas reduziu o valor das colheitas e reacendeu temores, especialmente em áreas rurais, de uma nova crise agrícola como a dos anos 1980, com risco de falências em massa. O governo Trump chegou a preparar um pacote de ajuda federal para sustentar os produtores durante a colheita, mas o plano foi interrompido pela prolongada paralisação do governo.

“Isso vai trazer alívio”, afirmou Bill Wilson, professor de agronegócio e economia aplicada na Universidade Estadual de Dakota do Norte. “E também vai aliviar a pressão política, mostrando que o governo Trump está tentando responder às demandas dos agricultores.”

Wilson destacou, contudo, que há muitas dúvidas sobre o anúncio, incluindo sobre a fiscalização do pacto. O acordo comercial firmado por Trump com a China em 2020 também previa compras volumosas de produtos agrícolas americanos.

No entanto, a pandemia de Covid-19 interrompeu cadeias globais de suprimentos em 2020 e, segundo o Peterson Institute for International Economics, a China comprou apenas cerca de 83% do volume de produtos agrícolas dos EUA prometido até 2021.

Agora, os agricultores americanos esperam que o país asiático cumpra integralmente seus compromissos.

Líderes da American Soybean Association e do U.S. Soybean Export Council alertaram que o novo acordo ainda não foi assinado e que detalhes cruciais não foram divulgados, mas consideraram a notícia positiva.

Caleb Ragland, presidente da American Soybean Association, classificou o pacto como “um passo significativo para restabelecer uma relação comercial estável e de longo prazo que traga resultados concretos para as famílias do campo e para as próximas gerações”.

O mercado reagiu de forma moderada às promessas de compra da China. Na abertura das negociações desta quinta-feira (30), o preço do bushel de soja estava em US$ 10,92. Após a entrevista de Bessent, subiu para cerca de US$ 11,06. Desde o início do governo Trump, os futuros da soja acumulam alta de cerca de 3%.

Mesmo assim, muitos silos e cooperativas aguardam pedidos concretos de compra antes de aumentar a aquisição de grãos. Em várias regiões do país, eles ainda oferecem US$ 10 ou menos por bushel entregue, cerca de US$ 2 abaixo do necessário para que os produtores cubram seus custos e alcancem lucro.

O acordo comercial entre EUA e China foi apresentado como uma medida de um ano, o que levanta dúvidas sobre se os compromissos agrícolas precisarão ser renegociados. Também não está claro se a China retomará as importações em larga escala de algodão, sorgo, nozes e outros produtos agrícolas.

Bessent acrescentou que outros países do Sudeste Asiático concordaram em comprar mais 19 milhões de toneladas de soja americana, embora não tenha especificado o período dessas compras. Segundo ele, o resultado mostra que “Trump entregou aos agricultores”.

“Nossos grandes produtores de soja, que os chineses usaram como peões políticos, estão fora dessa disputa e devem prosperar nos próximos anos”, declarou Bessent.



Fonte: Folha de São Paulo

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