Um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dar declarações que fizeram o mercado financeiro questionar ainda mais o compromisso do governo em relação ao equilíbrio das contas públicas, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, buscou reforçar o compromisso com a parte fiscal.
Em participação no FII Priority Summit, evento promovido pelo Future Investment Initiative Institute, entidade sem fins lucrativos do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita (PIF, na sigla em inglês), no Rio de Janeiro, Alckmin afirmou que o governo está comprometido com o arcabouço fiscal e o equilíbrio fiscal.
“O Brasil é um país de absoluta responsabilidade fiscal”, disse ele, nesta quinta-feira, 13 de junho, afirmando ainda que o governo está colocando as contas em ordem para alcançar o equilíbrio fiscal.
No dia anterior, no mesmo evento, a declaração de Lula de que “o aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão alcançar a meta de déficit sem comprometer investimentos” pegou mal no mercado financeiro.
A declaração foi vista como uma sinalização de que o governo não fará mudanças pelo lado das despesas, aumentando ainda mais os impostos, e que poderá interferir na política monetária a partir da saída de Roberto Campos Neto do comando do Banco Central (BC).
A situação fez com que o dólar atingisse a marca de R$ 5,40 na quarta-feira, 12 de junho, e o Ibovespa fechasse o dia com queda 1,40%. A fala, combinada com outras sinalizações de que o governo não está comprometido com um ajuste fiscal sustentável, fez a moeda americana acumular alta de 11,3% no ano.
À imprensa, após uma breve apresentação, Alckmin, presidente em exercício depois que Lula foi para a Itália para a reunião do G7, afirmou que tem “absoluta confiança” de que o dólar vai cair e que isso é “momentâneo”.
“Isso é momentâneo, transitório e temos absoluta confiança de que vamos ter um ano de forte crescimento econômico e inflação sob controle”, afirmou. “Tenho certeza de que essa elevação [do dólar] nos últimos dias é transitória, o Brasil tem números e bases sólidas e compromisso com a responsabilidade fiscal.”
Na entrevista coletiva, que também foi breve, ele afirmou ainda que a polêmica Medida Provisória (MP) que altera regra do PIS/Cofins “foi exatamente para cumprir a responsabilidade fiscal”, apesar de ter azedado a relação do governo com o setor privado.
O presidente em exercício também elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmando que ele está fazendo um bom trabalho, uma sinalização de apoio em meio a notícias de que o responsável da política econômica do governo vem perdendo força.
E destacou que o governo também tem que atuar pelo lado da despesas, buscando melhorar “a eficiência dos gastos públicos”.
“Tenho certeza que vai ter um esforço para melhorar a arrecadação e, de outro lado, para buscar melhor eficiência do gasto público, também trabalhar pelo lado da despesa”, afirmou. “Vamos agir pelos dois lados, pelo lado da receita e da despesa.”