Luiza Helena Trajano e Rubens Menin figuram facilmente em qualquer seleção dos principais nomes do empresariado brasileiro. Em suas respectivas trajetórias, eles souberam driblar os desafios do País para erguerem gigantes como Magazine Luiza, Inter, MRV e Log.
Com essa bagagem, a dupla se mostrou entrosada no palco da NeoConference, evento do NeoFeed que discutiu o Brasil e de hoje e do futuro. E, com o debate nesse campo, Trajano e Menin iniciaram sua tabelinha falando das principais barreiras para quem se arrisca a empreender e a fazer negócios no País.
“Hoje, para qualquer investimento no Brasil, 10% do custo total é o custo da burocracia”, disse Menin, presidente do board da MRV, Inter, Log, CNN Brasil, Itatiaia e Conedi. “Esse é um dos principais problemas do Brasil hoje. É como correr uma maratona com um cinto de chumbo.”
Trajano reforçou que essa “parcela” da burocracia não se reflete em contrapartidas para o governo, para a economia ou mesmo para setores carentes de recursos, como a educação. E aproveitou para colocar novamente sob os holofotes um tema que já foi alvo de suas críticas em outras oportunidades.
“Não há razão para a taxa de juro estar nessa altura. Isso prejudica um país que é feito de startups. Nós nascemos como startups”, disse a presidente do conselho do Magazine Luiza. “Quem mais gera emprego e é mais afetado pelos juros altos são as pequenas e médias empresas.”
Menin engrossou esse coro ao ressaltar sua discordância, em parte, com o fato de que há “quase um consenso” no mercado de que a política monetária do Banco Central brasileiro é a mais adequada. E comparou esse cenário com o tom adotado pelo Federal Reserve (Fed), nos Estados Unidos.
“É lógico que é preciso fazer o dever de casa e olhar o déficit público, mas hoje, uma empresa triple A no Brasil paga 7% de juros reais. É muito dinheiro”, disse. “Eu vejo o discurso do Fed, como é todo concatenado. E vejo o discurso do BC meio errático.”
A dupla colocou outros componentes na conta dos problemas a serem enfrentados pelo Brasil. Entre eles, a infraestrutura de comunicação ainda fragmentada e a baixa autoestima dos brasileiros. Mas, nesse trecho, eles encontraram espaço para falar do potencial do País.
“Essa nossa falta de autoestima não nos dá condição nem de falar o que temos de bom”, disse Trajano, aproveitando para “levantar a bola” da MRV, um dos negócios da família Menin, ao questionar quantas casas a incorporadora fazia por minuto. A resposta? Uma chave a cada dois minutos e meio.
“É um Brasil que tem potencial. Temos diversidade econômica, uma agricultura que pode alimentar o mundo inteiro. Ainda somos um país jovem”, afirmou ela. “Agora, o empresário precisa estar mais voltado a ajudar qualquer governo. Precisamos nos unir.”
Da agricultura aos serviços, passando pelos necessários investimentos em infraestrutura e o tamanho do mercado de consumo, Menin também destacou as diversas avenidas de crescimento à frente para o Brasil. Ao mesmo tempo em que reforçou o chamado feito por Trajano.
“Nada do que é polarizado dá certo. Temos que unir o País e discutir como sociedade quais são os nossos empecilhos”, afirmou. “Se organizarmos a casa, sem briga e sem confusão, vamos sair na frente. Não temos tempo a perder.”