O DNA de rebeldia dos Rolling Stones não é de Mick Jagger. Mas de Brian Jones, o fundador esquecido

O DNA de rebeldia dos Rolling Stones não é de Mick Jagger. Mas de Brian Jones, o fundador esquecido


Os fãs dos Rolling Stones talvez tenham dificuldade para imaginar a banda liderada por outro integrante e não Mick Jagger. Mas a missão do documentário Brian Jones e os Rolling Stones é justamente explorar as raízes, identificando quem verdadeiramente imprimiu o DNA de rebeldia à banda inglesa. No caso, toda a concepção veio de Brian Jones (1942-1969), o fundador que acabou esquecido.

Uma das atrações desta 26ª edição do Festival do Rio, que será encerrada neste domingo, o longa-metragem deixa claro que Jones personificava o estilo de vida “sexo, drogas e rock’n roll”, que passou a ser vendido pelo grupo.

E foi com essa marca que os Rolling Stones revolucionaram a música nos anos 1960, tornando-se a maior banda de rock do mundo, em influência e números. São mais de 240 milhões de discos vendidos.

Já com o cabelo comprido, que todos os Rolling Stones adotariam mais tarde, Jones deu o primeiro passo, colocando um anúncio no jornal Jazz News, à procura de outros músicos para formar uma banda de R&B com jovens brancos.

Foi ele quem batizou o grupo, inspirado em uma das faixas, Rollin’ Stone, de um álbum de 1950, gravado por Muddy Waters, apontado como o pai do estilo Chicago blues.

Embora fosse oficialmente só o guitarrista da banda, muito da genialidade musical dos primeiros álbuns dos Rolling Stones veio de Jones, que tocava vários instrumentos e improvisava muito nas gravações em estúdio.

No filme, a importância do músico é abordada por entrevistados que acompanharam os anos de formação do grupo, em depoimentos ao documentarista Nick Broomfield.

Quem destaca algumas das contribuições musicais de Jones é Bill Wyman, o primeiro baixista do grupo (de 1962 a 1993). Em suas declarações, ele recorda que, além de guitarra e gaita, Jones fez uso inusitado de mellotrons, marimbas e cítaras nas canções, trazendo originalidade aos Rolling Stones.

Além do direcionamento musical, a identidade do grupo, associado à ideia de rebeldia e de liberdade sexual, encontrava mais respaldo em Jones, o primeiro a se vestir de modo mais excêntrico.

Dos membros originais, ele era o único que tinha sido expulso de casa e da escola, por não aceitar a autoridade dos pais e dos professores, respectivamente.

“Trabalho de verdade”

Há até um depoimento de arquivo do pai de Jones, um engenheiro da aeronáutica inglesa, que insistia para que o filho encontrasse um “trabalho de verdade”. O pai diz que o filho começou a apresentar “mau comportamento” na adolescência, passando a desprezar as convenções e os valores familiares.

No início dos Rolling Stones, Jones era o que fazia mais sucesso com as mulheres, recebendo muito mais cartas de fãs do que Jagger, por exemplo. O documentário até sugere que o músico abusou da popularidade, abandonando várias namoradas grávidas pelo caminho.

Além de guitarra e gaita, Jones fez uso inusitado de mellotrons, marimbas e cítaras nas canções, trazendo originalidade aos Rolling Stones (Foto: Festival do Rio)

O documentário resgata as raízes do Rolling Stones, resgatando a importância de Jones para a banda (Foto: Festival do Rio)

O longa tem direção de Nick Broomfield (Foto: Festival do Rio)

O fundador também era o mais propenso à autodestruição, usando todo tipo de droga. A situação piorou com a chegada do empresário Andrew Loog Oldham, que tirou o controle das mãos de Jones — até então quem cuidava de tudo, até da agenda de shows dos Rolling Stones.

O fato de o empresário encorajar o grupo a se tornar mais pop foi o que começou a gerar um mal-estar com Jones, que era mais purista na sua visão musical. Jagger e o guitarrista Keith Richards ainda passaram a escrever as canções, atraindo os holofotes, aumentando a rivalidade e gerando mais inseguranças em Jones, que se fechou e caiu ainda mais fundo nas drogas.

O músico chegou a ser preso várias vezes por posse de maconha, cocaína e metanfetamina.

Morte por afogamento

Os problemas acabaram levando à expulsão de Jones. Ainda que ele tenha se dedicado integralmente à banda em seus primeiros sete anos, os demais membros não aceitaram ver Jones apático no palco, sem conseguir tocar. Ele se apresentou pela última vez com os colegas no filme-concerto The Rolling Stones Rock and Roll Circus, rodado em dezembro de 1968.

E apenas três semanas e meia depois da sua saída, Jones foi encontrado morto, aos 27 anos, na piscina de sua casa, em Sussex.

Embora a causa oficial da morte tenha sido afogamento acidental, “sob a influência de bebida e drogas”, também houve suspeitas de assassinato.

O mestre de obras da sua mansão, Frank Thorogood, que cuidava de uma reforma para o músico na época, poderia tê-lo matado devido a uma dívida não quitada.

Dois dias após a morte de Jones, os Rolling Stones fizeram uma homenagem ao ex-integrante com uma apresentação gratuita no Hyde Park de Londres, marcando a estreia do novo guitarrista, Mick Taylor.

Mais de 250 mil pessoas compareceram ao show para celebrar a vida de Jones, sem o qual a banda com mais de seis décadas de estrada provavelmente não existiria.



Fonte: NeoFeed

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

?>