Baixa renda volta a brilhar na carteira dos investidores (shoppings ficam de lado)

Baixa renda volta a brilhar na carteira dos investidores (shoppings ficam de lado)


As construtoras e incorporadoras de imóveis para baixa renda voltaram a brilhar os olhos dos investidores brasileiros, colocando o segmento de shoppings em segundo lugar. Essa é uma mudança de preferência pelas ações do setor – em junho o Santander tinha mostrado uma melhora na perspectiva para os centros comerciais.

De acordo com o mais recente relatório do Santander, que o NeoFeed teve acesso com exclusividade, as incorporadoras de baixa renda são as menos afetadas pelo momento complexo do mercado imobiliários, principalmente pelo aumento da Selic. A explicação está em questões como o financiamento via FGTS, que garante taxas de juros mais atrativas, e o apoio do governo ao programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV).

“Observamos uma forte deterioração do sentimento em geral devido ao aumento da curva de juros e às incertezas em relação às perspectivas fiscais do Brasil”, afirmam os analistas Fanny Oreng, Antonio Castrucci e Matheus Melon no relatório.

“Ainda assim, a maioria dos investidores concordou com a nossa visão de que as incorporadoras de imóveis de baixa renda são as menos afetadas por esses fatores”, complementaram.

Apesar de contar com um cenário mais positivo, as empresas do segmento de baixa renda também precisam ficar atentas à inflação, que pode ser o seu “calcanhar de Aquiles”. De acordo com os analistas, alguns investidores se mostraram excessivamente preocupados com as perspectivas de margens, diante dos contínuos aumentos da inflação da construção.

“Concordamos com a visão de que os custos precisam ser monitorados, mas ainda vemos um panorama razoável para as margens”, afirmam os especialistas no relatório. Para eles, a maioria das empresas deve continuar operando bem abaixo dos limites de preço do programa MCMV e grande parte delas já inclui a inflação da construção em seus orçamentos.

Nesse cenário, a Direcional é a preferida dos investidores, enquanto a Tenda ocupa a segunda posição na carteira. A maioria dos investidores também segue positiva com a Cury, mas entendem que a ação carrega um risco superior ao das suas concorrentes.

As três empresas receberam recomendação de compra pelo Santander, com preço-alvo de R$ 35,50 (upside de 17%), R$ 19,50 (upside de 25%) e R$ 32 (upside de 35%), respectivamente.

Apesar de focar em imóveis de poder aquisitivo mais elevado, com destaque para o setor de médio e alto padrão, a Cyrela também foi citada pelos investidores.

“Os custos mais elevados de hipoteca, refletindo a maior taxa Selic e a menor disponibilidade de financiamento, estão entre as principais preocupações em relação à Cyrela, pois alguns investidores acreditam que isso poderia afetar negativamente a disposição dos consumidores finais em comprar imóveis”, escreveram os especialistas do Santander.

O Santander continua confiante com a tese da Cyrela e acredita que a empresa deve continuar a apresentar ganhos de participação de mercado nos próximos meses e anos. Dessa forma, a recomendação do banco para os papéis da Cyrela é de compra, com preço-alvo de R$ 33, potencial de valorização de 33,3% em comparação a cotação mais recente.

Shoppings continuam descontados

Na visão dos investidores, o segmento de shoppings continua descontado, mas, se colocado ao lado setor de utilities, não oferece grandes vantagens. “Vale mencionar, no entanto, que analistas com foco em imóveis continuam a gostar do setor e veem os níveis de avaliação atuais como um ponto de entrada muito atraente, apesar de estarem inseguros quanto aos possíveis catalisadores”, afirmaram os analistas.

Com esse sentimento de aversão ao risco, nenhum nome do setor se destacou. Mesmo assim, algumas iniciativas das companhias as deixaram no radar.

Para eles, a Multiplan fez uma ótima transação em seu programa de recompra de ações, enquanto a Iguatemi se destaca por seu forte desempenho operacional, e a Allos tem mérito por sua estratégia de distribuição de capital, apesar do consenso de que o plano de desinvestimento da empresa pode demorar mais do que o inicialmente esperado para ser concluído.





Fonte: NeoFeed

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