O BTG Pactual acaba de comprar 100% da gestora Clave Capital, da qual já tinha, segundo informações de mercado, 30% de participação. Mais do que colocar a gestora, com cerca de R$ 6 bilhões sob gestão, para dentro de casa, o movimento do banco de André Esteves e Roberto Sallouti, tem um objetivo maior.
Ao adquirir a Clave Capital, o banco age estrategicamente para que Rubens Henriques, o fundador e CEO da Clave, assuma o comando da BTG Asset Management na América Latina, um colosso com R$ 970 bilhões sob gestão, que entregou crescimento de 20% no terceiro trimestre em comparação com o mesmo período de 2023.
Henriques é um dos principais nomes do mercado. O executivo trabalhou por vinte anos no Itaú onde ocupou o cargo de head de fund of funds e depois de CEO da Itaú Asset, que hoje conta com mais de R$ 1 trilhão sob gestão. Foi ele quem implementou o modelo Multimesas no banco dos Setubal, dos Moreira Salles e dos Villela.
A ideia é que ele faça o mesmo na BTG Asset. O modelo multimesas do Itaú, que hoje conta com R$ 100 bilhões, combina vários tipos de gestão de assets independentes sob o guarda-chuva dos fundos da família Global Dinâmico. Os gestores usam toda a infraestrutura de marketing e captação do Itaú e focam na administração das carteiras.
O NeoFeed escutou fontes do mercado que dizem que o modelo que será adotado no BTG será um pouco diferente. “Um misto de Multimesas com Kinea, pois o BTG tem muitos ativos ilíquidos”, disse um profissional a par das negociações.
Pelo acordado, toda a equipe de gestores Clave, como Rodrigo Carvalho, Mariano Andrade, Henrique Benzecry e Carolina Avancini, irá para o BTG. À exceção do gestor de renda variável André Caldas.
Caldas, que também trabalhou no Itaú, não teria aceitado ficar debaixo da estrutura de um grande banco novamente e decidiu montar sua própria gestora. Ele terá, inclusive, o BTG como sócio e os fundos de renda variável da Clave deverão migrar para essa nova gestora – a depender da aprovação dos cotistas.
A Clave conta com 25 mil cotistas e chegou a ter R$ 8 bilhões sob gestão, mas viu principalmente os fundos macro sofrerem uma onda de resgate como tem acontecido com toda a indústria de fundos multimercado.
A BTG Asset era comandada por Allan Hadid, que já havia sinalizado aos sócios do banco que desejava sair. Um profissional que teve acesso aos planos do BTG com a chegada de Henriques afirmou ao NeoFeed que “a ambição é crescer acima do que vem crescendo”. A barra, portanto, vai subir.