O McDonald’s se envolveu em uma crise nos Estados Unidos que está contribuindo não só para derrubar o seu valor de mercado, como também afetando a sua imagem.
A crise foi ocasionada pelo consumo de um de seus lanches, o famoso Quarteirão, que se chama Quarter Pounder no mercado americano, infectados com a bactéria E. coli.
Desde o fim de setembro, 50 pessoas ficaram doentes e uma morreu após realizar a ingestão dos lanches em dez estados dos EUA, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
“Os investigadores estão trabalhando rapidamente para confirmar qual ingrediente alimentar está contaminado”, disse a CDC. A instituição afirmou que a maioria dos casos foram registrados no Colorado e em Nebraska.
Em comunicado, o McDonald’s disse acreditar que o surto foi causado por cebolas fatiadas usadas no Quarteirão, que são provenientes de um único fornecedor.
A notícia fez com que as ações da rede de fast-food caíssem mais de 7% durante as negociações desta quarta-feira, 23 de outubro. Os papéis fecharam o dia em queda de 5%, retirando US$ 14 bilhões do valor de mercado da companhia – o McDonald’s está avaliado em US$ 214 bilhões.
Para analistas consultados pelo MarketWatch, é inevitável que os negócios da gigante sofram com o ocorrido. A questão é: qual será o efeito desse caso?
Na visão do Morgan Stanley, esses efeitos dependem da gravidade do ocorrido. “Se o problema estiver de fato restrito a um fornecedor de vegetais, ele não sugere um erro nos processos dos restaurantes ou um problema com o fornecimento de carne bovina, que poderia ser mais grave”, avalia o banco no relatório.
Para John Zolidis, presidente e fundador da Quo Vadis Capital, neste momento é preciso contar com a memória “curta” do consumidor para que as vendas não sejam tão afetadas. “Minha suposição é que o público provavelmente verá isso como um incidente isolado”, afirmou o executivo.
Em 2015, um caso semelhante ocorreu com a Chipotle, rede mexicana de fast-food, quando mais de 100 clientes adoeceram em uma série de surtos de doenças transmitidas por alimentos. Na época, a rede viu seu valor de mercado cair de US$ 17 bilhões para cerca de US$ 6 bilhões, com uma forte venda dos ativos por parte dos investidores.
Para os analistas do banco de investimentos americano TD Cowen, seria prematuro comparar o incidente do McDonald’s ao ocorrido com o Chipotle há quase uma década. Eles acreditam que o McDonald’s “não verá o mesmo impacto prolongado”.
Na análise, os especialistas disseram que a situação do Chipotle envolveu mais de um surto, abrangendo também o norovírus. Além disso, até o momento, o caso do McDonald’s parece estar mais contido.
Apesar do cenário levemente mais positivo do que o visto com a rede mexicana, Mark Kalinowski, analista da Kalinowski Equity Research que acompanha empresas do segmento de fast-food, reforça que “Nada disso é uma boa notícia para o McDonald’s.”
Como medida de contenção, a rede de fast-food afirmou que deixará de produzir o Quarteirão nas lojas afetadas por tempo indeterminado e não usará mais as cebolas em seus outros sanduíches.
“Tomamos uma ação rápida ontem para remover o Quarter Pounder do nosso cardápio,” disse Joe Erlinger, presidente do McDonald’s USA, à rede de tevê NBC. “Se houve algum produto contaminado na nossa cadeia de suprimentos, é muito provável que ele já tenha sido eliminado dessa cadeia.”