As lições de Wesley Batista, da JBS, e Gustavo Werneck, da Gerdau, sobre internacionalização

wesley batista gustavo werneck


As dificuldades para empreender no Brasil tornam o empresário brasileiro um “PhD” em matéria de se virar diante de circunstâncias adversas. E esse “currículo” adquirido acaba sendo um diferencial quando o assunto é levar as empresas nacionais para outros países.

A tenacidade e a capacidade de adaptação dos empresários brasileiros são fatores que aumentam as chances de as companhias brasileiras terem sucesso na internacionalização, segundo Wesley Batista, membro do conselho de administração da JBS e acionista da J&F Investimentos.

“Para mim, a primeira barreira que precisa ser superada é de que é possível para que as companhias e os executivos brasileiros podem ir ao exterior. É possível para as empresas brasileiras e empresários serem bem-sucedidos fora do Brasil”, disse o empresário na terça-feira, 10 de setembro, na NeoConferece, evento do NeoFeed que está discutindo o Brasil de hoje e do futuro.

A conclusão é motivada pela própria experiência de Batista. Em 2007, a JBS adquiriu a americana Swift, uma empresa que era sete vezes maior, mas tinha uma performance muito baixa.

Ele foi o foi responsável por tocar a operação e, mesmo sem falar uma palavra em inglês, como admitiu, Batista chegou para comandar a empresa e conseguiu bons resultados, num trabalho que se mostrou importante para internacionalizar a JBS. Atualmente, com cerca de 75% da receita em dólar, a JBS se prepara para a dupla listagem de ações nos Estados Unidos.

Segundo Batista, a capacidade de execução dos brasileiros, junto com um ambiente de negócios mais benigno, como é o caso nos Estados Unidos, aumenta fortemente as chances de sucesso da internacionalização das empresas. “No Brasil, tem um ambiente em que é mais difícil fazer negócio. Mas quem dá conta de se virar aqui, vai lá fora e vê que a situação fica mais fácil”, disse.

Um ponto que precisa ser respeitado é a questão da cultura. Por mais que o “risco Brasil” seja uma “escola” para os administradores, é preciso respeitar e se adaptar ao jeito de fazer negócios nos países em que se vai atuar, segundo Gustavo Werneck, CEO e membro do conselho de administração da Gerdau, que também participou do painel.

Ele diz que a empresa, que iniciou seu processo de internacionalização nos anos de 1980, via Uruguai, cometeu uma série de erros nessa frente, ao querer impor totalmente a cultura da empresa num primeiro momento.

Hoje em dia, a Gerdau leva alguns executivos brasileiros, mas conta muito com o talento local para conseguir ser bem-sucedida e para que as operações internacionais e as exportações respondam por 70% da receita.

“Na segunda metade do processo, a gente já tinha aprendido a se preparar antecipadamente”, afirmou. “Entender, compreender e respeitar a cultura local permitiu evolução nos últimos anos.”

Isso não quer dizer que a Gerdau abriu mão do seu jeito de fazer negócios, de acordo com Werneck. “A gente não abre mão de como fazer negócios. Tem que ter um olhar focado na questão financeira, nos detalhes micro”, afirmou.

A experiência no exterior também trouxe aprendizados para a Gerdau, segundo Werneck, com a empresa mudando um pouco sua perspectiva temporal quando se trata de planejamento. “Aprendemos muito a ter uma visão de longo prazo. A gente interage com representantes do mercado e vemos como na América do Norte se tem visão de longo prazo, planejando décadas e não meses”, afirmou.

Diante do sucesso internacional, a JBS e a Gerdau avaliam seus próximos passos lá fora. Batista disse que a companhia vê oportunidades de expansão internacional, seja de forma orgânica ou via M&A.

“A JBS está numa fase de voltar a ser mais ativa, nos próximos anos, em crescimento”, afirmou. “Queremos crescer em produtos de valor agregado, agregar marcas. Vamos expandir as atividades de suíno e frango. Entramos em salmão na Austrália e é uma avenida de crescimento que estamos gostando.”

A Gerdau, por sua vez, pretende manter seus investimentos no México, para aproveitar os efeitos do nearshoring, e o crescimento da economia dos Estados Unidos. “A economia americana é a plataforma mais importante para nós”, afirmou.





Fonte: NeoFeed

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

?>