As três letras que são um dilema para o IPO da Shein na bolsa de Londres

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A escassez de novas listagens de empresas na bolsa de valores é um problema global. A seca de IPOs ajuda a valorizar quem pensa em oferecer ações para os investidores – ainda mais se for uma gigante como a chinesa Shein.

Avaliada em US$ 66 bilhões na sua última rodada de aporte de capital, o marketplace de varejo de moda, que sacode o mundo com sua estratégia de venda a preços baixos, está próxima de listar as suas ações na Bolsa de Londres.

Embora seja um alento após poucas empresas se tornarem públicas nos últimos anos, os grandes gestores institucionais, mesmo dizendo que vão lutar para apoiar o IPO da Shein, demonstram preocupações com a governança corporativa da companhia.

De acordo com reportagem do Financial Times (FT), os principais investidores institucionais do Reino Unido estão preocupados com as alegações de grupos de direitos humanos sobre as condições de trabalho forçado na Shein.

Descumprir qualquer um dos pilares ESG (acrônimo de ambiental, social e governança corporativa, em português) seria motivo para não aderir ao IPO da empresa chinesa de moda.

“Embora a bolsa de Londres possa estar satisfeita por atrair uma empresa para listagem tão grande, suspeito que as incertezas sobre ESG e outros fatores significam que muitos gestores de ativos do Reino Unido lutarão para apoiar este IPO”, disse o gestor de fundos de ações Richard Buxton, que passou por Jupiter Asset Management, Schroders e Merian Global Investors.

“Venderia a Next [varejista britânica de roupas e calçados] para investir na Shein? Não.”, completou o gestor com mais de 40 anos de carreira.

Se alguns gestores ouvidos pela reportagem temem um possível “dano colateral” de uma listagem da Shein para a marca da London Stock Exchange, outros enxergam uma possibilidade da bolsa europeia competir pelos maiores IPOs globais com as bolsas dos Estados Unidos.

Isso evitaria que empresas relativamente baratas, alvo do processo de M&A, provocasse a deslistagem dos papéis, o que diminui a atratividade de uma bolsa de valores para os investidores locais e estrangeiros.

“Os investidores podem decidir por si próprios. Nem todo mundo é fanático por ESG e, como vimos com nosso Boohoo, a fast fashion é uma indústria difícil e pronta”, afirmou Barry Norris, gestor de fundos da Argonaut Capital.

O ESG é uma métrica utilizada por muitos gestores, que têm seus próprios meios de avaliação, para selecionar ou rejeitar as ações de determinadas empresas. Mas as autoridades financeiras do Reino Unido também têm regras e um padrão para quem busca a listagem na bolsa de valores.

Embora a Shein tenha sido fundada e compre de fornecedores na China, ela está sediada em Cingapura e não vende seus produtos no mercado local. A empresa registrou lucro de US$ 2 bilhões em 2023. Em comparação, a Inditex, dona da rival Zara, reportou um lucro operacional de US$ 1,7 bilhões nos três meses até 30 de abril.

“Precisamos que o mercado [IPO] reabra”, disse Gabriel Caillaux, copresidente da General Atlantic, investidora da Shein, que acredita que a Shein possa ser um catalisador para destravar o mercado global de IPOs.

“Seja uma empresa com a qualidade da Shein, eles têm o tipo de modelo global, escala, crescimento, lucratividade, esse é o tipo de empresa que pode reabrir o mercado, mas precisamos que esses mercados de IPO funcionem novamente”, completou ele.

Um porta-voz da Shein disse ao FT que a empresa tinha uma política de tolerância zero para o trabalho forçado e que queria seguir os mais altos padrões. “Levamos a sério a visibilidade de toda a nossa cadeia de abastecimento e estamos comprometidos em respeitar os direitos humanos”, disse a pessoa.



Fonte: NeoFeed

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