Bemobi compra instituição de pagamento de olho em novos recursos do PIX

Bemobi compra instituição de pagamento de olho em novos recursos do PIX


O negócio de soluções de pagamento da Bemobi vem ganhando espaço no mix de receita da companhia. A empresa de tecnologia está de olho nas evoluções do PIX programadas para 2025 e, para isso, anuncia nesta quinta-feira, 21 de novembro, a aquisição de uma licença para atuar como Iniciador de Transações de Pagamento (ITP).

A transação não é muito usual no mercado. Em vez de adquirir o controle total de uma empresa, a Bemobi está comprando a parte de uma fintech com a licença de instituição de pagamento junto ao Banco Central (BC). O motivo? Ganhar tempo.

“É uma decisão tática para o nosso negócio. Comprar alguém com licença nos dá a vantagem do tempo, mesmo com a necessidade de o BC aprovar”, diz Pedro Ripper, CEO da Bemobi, ao NeoFeed, que estima um ganho de oito meses com a aquisição.

Ripper explica que entre 2020 e 2021 várias fintechs pegaram todas as licenças possíveis no BC projetando o open finance. Não havia clareza sobre o que seria essa abertura de dados financeiros. Mas o excesso de capital de fundos de venture capital permitia a muitas dessas fintechs fazer esse movimento.

Agora, com a racionalização do capital, há um ônus para as fintechs que obtiveram muitas licenças. O primeiro é a necessidade de prestar contas à autoridade monetária. E a segunda é a obrigação de capital que fica depositada, um “dinheiro parado” que faz diferença no momento atual.

Para “tirar esse peso” da fintech, Ripper está pagando um prêmio (não revelado, mas pequeno, segundo ele) para assumir essa licença e depositando entre R$ 5 milhões e R$ 8 milhões para ter as licenças ITP e de emissão de moeda eletrônica.

No fim do terceiro trimestre deste ano, a Bemobi tinha R$ 571 milhões em caixa. E, além do retorno ao acionista, a companhia informou que estaria de olho em M&As.

“Esse é um negócio para a nossa jornada de pagamentos recorrentes com o PIX. Se for bem feita, é uma nova dinâmica na jornada de cobranças recorrentes de concessionárias, escolas, saúde entre outros”, diz o CEO da Bemobi, que atende nove das 15 maiores empresas de serviços recorrentes essenciais do País.

A empresa de tecnologia está de olho, particularmente, em duas novas funções do PIX que estão programadas para entrar em operação em fevereiro e junho de 2025.

pedro ripper bemobi
Pedro Ripper, CEO da Bemobi

Em meados do primeiro trimestre, o Banco Central quer colocar para funcionar o PIX por biometria, que é primo-irmão do pagamento por aproximação, feito com cartões de crédito e débito.

A ideia é associar uma conta PIX na wallet do celular e permitir que o pagamento, até certo valor autorizado pelo usuário, possa ser feito sem a necessidade de leitura de um QR Code ou de copiar e colar uma chave-PIX.

“Há muita perda de conversão no PIX. E esse PIX por biometria tende a ser uma experiência tão boa como o cartão, sem fricção”, diz Ripper.

Como o usuário vai definir o limite desse PIX na sua wallet, não será necessário abrir o app do banco para finalizar a transação. E é aí que a Bemobi entra com a licença ITP: ela presta o serviço de iniciação de transação de pagamento sem gerenciar a conta de pagamento e nem deter o dinheiro transferido.

No meio do ano de 2025, o PIX Automático vem como uma solução mais barata que a emissão de um boleto ou de um débito em conta corrente. Porém, contas recorrentes não têm um valor fixo que permita esse “saque” da conta corrente do cliente.

Contas de telecom e de energia elétrica, por exemplo, que têm variações mensais e precisarão de um limite máximo que o cliente aceita pagar. Por exemplo, se a conta de luz fica entre R$ 100 e R$ 150 no mês, o consumidor pode aceitar um valor de até R$ 200.

Caso essas novas funcionalidades do PIX sejam bem-sucedidas, é provável que as novas jornadas de pagamentos pulem etapas. E provoquem uma mudança grande de comportamento: o cliente não terá de acessar o app do banco para fazer a autorizações.

“É um negócio que acelera a morte do boleto, com ganho para o cliente final. Além de ser mais inclusivo porque uma concessionária não precisa fazer convênio com cada banco para aceitar o débito automático”, diz Ripper.

A ação BMOB3 está em alta de 5,6% na B3 em 2024. O valor de mercado da companhia é de R$ 1,2 bilhão.





Fonte: NeoFeed

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