Brasil está “sem gás” para aproveitar o nearshoring, acredita presidente do conselho da Gerdau

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Tema do momento no mundo, o nearshoring está sendo mais uma oportunidade perdida para o Brasil, diante da falta de fatores que possam melhorar a competitividade da indústria local, disse o presidente do conselho de administração da Gerdau, Guilherme Johannpeter.

Enquanto o México e os países do Sudeste Asiático têm se beneficiado da demanda do mercado americano de ter seus fornecedores em regiões próximas e países amigáveis, o Brasil vê seu espaço no mercado internacional minguar, muito por conta dos custos elevados de produção.

“Para o Brasil se colocar numa posição de aproveitar as oportunidades de nearshoring, o País tem muito dever de casa para cumprir”, disse Johannpeter durante painel na 25ª Conferência Anual do Santander.

A principal questão que o Brasil enfrenta é a parte de custos, especialmente de energia, cuja produção é barata, mas acaba sendo vendida a preços muito elevados, por conta de uma série de encargos.

Segundo o presidente do conselho da Gerdau, o custo do gás natural, principal fonte de energia da indústria, é de cerca de US$ 20 por BTU, medida usada como referência do teor calorífico do gás. Nos Estados Unidos, ele custa entre US$ 3 e US$ 4 por BTU, enquanto na Europa é negociado perto de US$ 9 por BTU.

“Está faltando organizar o segmento, com um sistema regulatório mais eficiente, regras mais estáveis, abrir esse mercado, que foi tradicionalmente um monopólio, para ter mais players privados”, disse Johannpeter. “O mercado de gás é game changer para a indústria.”

Apesar das críticas, o presidente do conselho da Gerdau admitiu que o governo vem se mostrando aberto aos pleitos da indústria, com destaque para o aço, depois de aprovar, em abril deste ano, o aumento para 25% da tarifa de importação para produtos de aço, com foco na China.

A postura de elogios e críticas de Johannpeter com a situação do Brasil foi compartilhada por outros empresários que participaram com ele do painel no evento do Santander.

Para Fred Trajano, CEO do Magazine Luiza, o Brasil apresenta boas perspectivas de crescimento, acima do que é esperado para o México, e deve aproveitar a queda nos juros dos Estados Unidos, com efeito particularmente positivo para a linha de produtos dependente de crédito. “O déficit fiscal é um assunto que precisamos lidar, mas se olharmos para os Estados Unidos, a situação é pior”, disse.

O CEO da Azzas 2154, Alexandre Birman, destacou a necessidade de maior certeza em temas como fiscal e tributário, que se mostram mais importantes do que os juros e o crescimento da economia para os empresários. “A instabilidade e a insegurança inibe os investimentos de longo prazo”, disse Birman.

Com um tom “otimista e realista” em relação ao Brasil, Eugenio Mattar, sócio-fundador e presidente do conselho de administração da Localiza &Co, invocou a famosa frase de Martin Luther King – I have a dream – para falar de seus sonhos para o Brasil.

“Eu tenho um sonho de um Estado mais eficiente, um sonho de um Estado que cuidasse da educação, um sonho de um Estado que combatesse a corrupção”, disse Mattar. “Um sonho de uma Justiça efetiva para todas as pessoas e que fosse ágil.”

Ainda que sonhe com esses temas, Mattar destacou que a realidade do Brasil é muito melhor do que o visto há anos atrás e que é preciso ajudar os governos, independentemente de suas bandeiras ideológicas. “Aos trancos e barrancos, o Brasil avança”, afirmou.



Fonte: NeoFeed

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