A Brava Energia, empresa de óleo e gás resultado da fusão entre 3R e Enauta, concluiu a venda de metade de sua operação de gás natural na Bacia Potiguar, no Rio Grande do Norte, para a PetroReconcavo.
De acordo com o fato relevante divulgado na noite de 18 de dezembro, a Brava receberá US$ 65 milhões, “sendo 35% na data da assinatura dos acordos definitivos da transação e o remanescente na data de fechamento, após o cumprimento das condições precedentes”. Pessoas próximas disseram ao NeoFeed que a expectativa da companhia era levantar cerca de US$ 40 milhões com esse ativo.
“A assinatura deste acordo reforça a parceria estratégica com a Brava no Rio Grande do Norte, conferindo mais um passo da implementação do nosso plano de resiliência e eficiência operacional”, trouxe o comunicado assinado por Rafael Cunha, CFO da PetroReconcavo.
A conclusão do deal com a PetroReconcavo acontece um dia após a Brava ter anunciado, também em fato relevante, a contratação do Itaú BBA como assessor financeiro para ajudar na avaliação de potenciais transações de parceria ou venda de ativos.
Após a fusão entre 3R e Enauta, a Brava passou a acumular pesadas despesas financeiras e ter uma alavancagem de 3,7 vezes a relação dívida líquida sobre Ebitda.
A necessidade da companhia, neste momento, é fazer caixa para reduzir a sua alavancagem. Na mesa de negociação estão os ativos onshore da empresa de óleo e gás.
Nas condições atuais da companhia, esses campos são rentáveis para a companhia se o preço do petróleo Brent permanecer acima de US$ 60 o barril. Embora nos últimos três anos o preço tenha ficado mais perto de US$ 70, qualquer crise que derrube a cotação vai impactar diretamente nos negócios da Brava.
Mas pessoas próximas à Brava avaliam que a venda total desses ativos é uma possibilidade remota neste momento. A percepção é que não existe nenhuma empresa independente do setor de óleo e gás com dinheiro para fazer uma proposta nas condições que a vendedora quer.
E, internamente, as conversas para a venda de qualquer campo da Brava começam com “se chegar no nosso preço”.
A companhia tem consciência de que será difícil recuperar o investimento próximo a US$ 2 bilhões para montar seu portfólio onshore. Pelos cálculos do Santander, a Brava deve conseguir algo entre US$ 1,4 bilhão e US$ 1,5 bilhão. Esse montante já será suficiente para reduzir a alavancagem para 0,8 vez.
“Gostamos de ver a Brava avançar com sua revisão de portfólio e estratégias de parceria e desinvestimento, pois acreditamos que elas são essenciais para o processo de desalavancagem da empresa”, escreveram os analistas Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz, do Santander.
Como prosseguimento deste plano, a Brava assinou um contrato de exclusividade com a Azevedo e Travassos e a Petro-Victory Energy para a potencial venda de 11 concessões de óleo e gás localizadas na Bacia Potiguar, no estado do Rio Grande Norte, que registraram uma produção média diária de aproximadamente 250 barris de óleo equivalente no período entre janeiro e novembro de 2024.
Na B3, a ação RECV3, da PetroReconcavo, está em queda de 25,1% no ano. O valor de mercado da companhia é de R$ 4,6 bilhões. Já o papel BRAV3, da Brava, acumula perda de 23,9% em 2024. E o valor de mercado da empresa é de R$ 9,3 bilhões.