Calor contribuiu para 47 mil mortes na Europa em 2023 – 13/08/2024 – Ambiente


Mais de 47 mil europeus morreram de causas relacionadas ao calor em 2023, o ano mais quente já registrado no planeta, aponta novo relatório publicado na revista Nature Medicine.

Mas o número poderia ter sido muito maior.

Sem as medidas de adaptação ao calor adotadas ao longo das últimas duas décadas, o número de mortes de europeus diante das mesmas temperaturas neste início do século 21 poderia ter sido 80% maior, de acordo com o estudo. Para pessoas com mais de 80 anos, a quantidade de mortes poderia ter dobrado.

Algumas das medidas incluem avanços na saúde, maior uso de ar-condicionado e informações públicas aprimoradas que mantiveram as pessoas em ambientes fechados e hidratadas em meio a temperaturas extremas.

“Precisamos considerar as mudanças climáticas como uma questão de saúde”, disse Elisa Gallo, autora principal do estudo e pesquisadora de pós-doutorado no Instituto de Saúde Global de Barcelona, centro de pesquisa sem fins lucrativos.

Contar as mortes por calor extremo é difícil, em parte porque os atestados de óbito nem sempre refletem o papel do calor. O estudo utilizou registros de óbitos disponíveis ao público de 35 países, fornecidos pelo Eurostat, o escritório de estatísticas da União Europeia, representando cerca de 543 milhões de europeus.

Os pesquisadores usaram um modelo epidemiológico para analisar as mortes em paralelo com os registros de temperatura semanais de 2023, para estimar que fração dos óbitos poderia ser atribuída ao calor.

“Estamos nos aproximando rapidamente dos limites do que o corpo humano pode suportar”, disse Jordan Clark, associado sênior de políticas no Heat Policy Innovation Hub da Universidade Duke (EUA), que não esteve envolvido no estudo.

As ondas de calor estão se tornando mais severas e prolongadas à medida que as temperaturas globais aumentam. Acabar com nossa dependência dos combustíveis fósseis é uma estratégia central de mitigação, disse Clark.

As últimas duas décadas levaram as pessoas a modificar seus comportamentos em resposta ao calor, afirmou Gallo. Outras mudanças em políticas públicas, como melhorar o planejamento urbano, aumentar áreas verdes, investir mais em energia renovável e em transporte público, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, também devem contribuir para a adaptação.

Ashley Ward, diretora do Heat Policy Innovation Hub da Universidade Duke, disse que o momento do estudo foi crucial, pois veio logo após um apelo global por ações contra o calor extremo emitido no mês passado pelo secretário-geral das Nações Unidas.

“A Europa está realmente à frente dos EUA em muitos desses tipos de atividades, como governança do calor e sistemas de alerta precoce”, afirmou Ward. “O problema está crescendo mais rápido do que a melhoria dos dados.”



Fonte: Folha de São Paulo

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