China produz mais carros do que precisa (e isso é um grande problema)

China produz mais carros do que precisa (e isso é um grande problema)


A China se tornou um grande polo automotivo nos últimos anos, ganhando dominância principalmente no desenvolvimento de veículos elétricos, que circulam nas ruas das maiores metrópoles do mundo. Porém, o país está produzindo mais carros do que a sua população pode absorver, o que cria um grande problema para as montadoras.

De acordo com dados divulgados pela Associação Chinesa de Carros de Passageiros na quinta-feira, 9 de janeiro, as vendas de automóveis aumentaram 5,5% em 2024, totalizando 22,9 milhões de veículos. Apesar do crescimento, a demanda está abaixo da metade da capacidade projetada pelas empresas.

O resultado dessa equação obriga muitas das montadoras a reduzir preços e até mesmo expandir suas vendas internacionais para se manterem competitivas em um mercado cada vez mais acirrado.

No último ano, até 227 modelos de carros reduziram seus preços, comparados a 148 modelos no ano anterior, de acordo com Cui Dongshu, secretário-geral da associação.

Nessa leva, até a Tesla, pioneira no segmento de elétricos, passou a oferecer financiamento com juros zero por cinco anos para seus veículos, além de reduzir o preço do Model Y para o equivalente a menos de US$ 33 mil. O modelo chega a custa US$ 45 mil nos Estados Unidos.

Nessa corrida, as marcas nacionais ainda se mantêm mais fortes. Até o fim do ano, as empresas domésticas representaram 61% do mercado local, um aumento de 8,6 pontos percentuais em relação ao ano anterior.

As estrangeiras, por outro lado, são as que mais perdem espaço. Gigantes como General Motors, Volkswagen e Toyota têm buscado alternativas e parcerias para reduzir as perdas de participação no território chinês, em grande parte apostando nos veículos elétricos. Porém, a briga está cada vez mais complexa.

Isso porque, em 2024, 23 marcas de carros elétricos deixaram o mercado chinês ou foram consolidadas por outros players, enquanto 12 novos fabricantes chegaram ao mercado, afirmou Stephen Dyer, diretor-gerente da AlixPartners, ao The Wall Street Journal.

“O período de 2025 a 2027 marcará a fase de eliminação na indústria automotiva”, escreveu He Xiaopeng, CEO da fabricante de veículos elétricos Xpeng, em uma carta interna obtida pelo WSJ. “A competição em 2025 será mais acirrada do que nunca.”

Essa fase de “ajuste”, por outro lado, não é algo desconhecido para os chineses. Os governos inicialmente incentivam as indústrias com subsídios e suporte político e, ao atingir uma massa crítica, deixam que as marcas disputem entre si. O mesmo acontece em setores como aço, eletrônicos e até mesmo no segmento de energia.

Via de regra, as empresas que “ganham” essa competição costumam se tornar líderes mundiais em seus setores, como é o caso da BYD, que está entre os principais fabricantes de elétricos do mundo.

É com essa tática que a China projeta vender mais carros elétricos do que tradicionais já em 2025, com um crescimento de 20% na comercialização desses modelos ao longo do ano.

Em 2024, mais da metade dos carros emplacados por lá eram elétricos ou híbridos plug-in. No fim do ano, Xi Jinping, o presidente chinês, destacou o marco de 10 milhões de unidades produzidas desses veículos no ano.

Para base de comparação, a venda desses veículos na China já se aproxima do tamanho do mercado automotivo dos Estados Unidos como um todo. Por lá, foram vendidos cerca de 15,9 milhões de carros em 2024, segundo a Wards Intelligence.

Na tentativa de continuar crescendo dentro do país, empresas como a Volkswagen têm buscado companhias nacionais para firmar parcerias e fortalecer suas vendas. A empresa fechou um acordo de compartilhamento de carregadores super rápidos com a Xpeng, com quem também planeja desenvolver carros em conjunto em um futuro próximo.



Fonte: NeoFeed

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