Nova opção para tratamento de câncer de bexiga, terapia acessível para neoplasias hematológicas e um protótipo de baixo custo para evitar exposição de órgãos durante a radioterapia. São algumas das descobertas de onde sairão os vencedores da 15ª edição do Prêmio Octavio Frias de Oliveira.
Promovido pelo Icesp (Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira) em parceria com o Grupo Folha, o prêmio homenageia, desde 2010, Octavio Frias de Oliveira, publisher da Folha de 1962 a 2007, ano da sua morte, com objetivo de estimular a produção de conhecimento sobre prevenção e combate ao câncer no Brasil.
Os seis trabalhos finalistas foram publicados em revistas de prestígio, como a Scientific Reports, do mesmo grupo da Nature, e da Sociedade Americana de Microbiologia (ASM).
Segundo o pesquisador Roger Chammas, membro do conselho diretor do Icesp e um dos coordenadores do prêmio, os trabalhos selecionados têm em comum sua qualidade científica e o rigor metodológico. Ele destacou ainda o “impacto científico e potencial de transferência do conhecimento para a prática clínica”.
Na categoria Pesquisa em Oncologia, estão trabalhos do Hospital Sírio-Libanês, do Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein e da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).
Nela, foram selecionados trabalhos que definem novos biomarcadores que determinam o padrão de resposta a tratamentos contra cânceres prevalentes, como o câncer de colo de útero, ou a transplantes de medula, necessários no manejo de cânceres hematológicos; e, um terceiro trabalho que detalha o mecanismo de ação de uma forma combinada de tratamentos da leucemia mielóide aguda.
A categoria Inovação Tecnológica em Oncologia é disputada por cientistas do Hemocentro de Ribeirão Preto da USP, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e pelos serviços de Radioterapia (Inrad), do Icesp.
Na área de inovação, um protótipo nacional e de baixo custo para evitar a exposição de órgãos próximos a tumores no tórax durante as sessões de radioterapia; um novo adjuvante (composto que ajuda na entrega do imunoterápico) para controle de cânceres de bexiga não invasores da musculatura local; e uma proposta inovadora de modificação genética das células imunológicas conhecidas como matadoras naturais (natural killers, ou NK) são destaques.
A cerimônia de premiação acontece no dia 8 de agosto, no auditório do Icesp. No evento, serão anunciados os melhores trabalhos nas duas categorias e também a Personalidade de Destaque em Oncologia, que reconhece pessoas que contribuíram de modo significativo para a área. Cada vencedor receberá um certificado e R$ 20 mil.
Finalistas da categoria pesquisa em oncologia
Bactérias orais na recuperação de pacientes transplantados
- Autores: Vitor Heidrich, Franciele H. Knebel, Julia S. Bruno, Vinícius C. de Molla, Wanessa Miranda-Silva, Paula F. Asprino, Luciana Tucunduva, Vanderson Rocha, Yana Novis, Eduardo R. Fregnani, Celso Arrais-Rodrigues, Anamaria A. Camargo
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Instituição: Hospital Sírio-Libanês
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Título: Longitudinal analysis at three oral sites links oral microbiota to clinical outcomes in allogeneic hematopoietic stem-cell transplant
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Artigo: journals.asm.org/doi/10.1128/spectrum.02910-23
O transplante de células-tronco é usado para tratar várias doenças do sangue, incluindo leucemia. Esse tratamento é agressivo e prejudica a saúde das comunidades bacterianas que vivem naturalmente no nosso corpo.
O estudo avaliou como as bactérias que vivem na boca dos pacientes transplantados são afetadas durante o transplante e como elas podem interferir no processo de recuperação do paciente.
Os pesquisadores viram que, durante o transplante, as comunidades bacterianas na boca adoecem, perdendo diversidade e favorecendo o crescimento de bactérias nocivas. Essas bactérias ruins podem até mesmo chegar ao pulmão, causando infecções respiratórias graves.
Após o transplante, a comunidade bacteriana da boca do paciente é capaz de voltar para um estado saudável, mas isso não ocorre para todos os pacientes. A recuperação das bactérias boas na boca se mostrou diretamente ligada a uma menor chance de recaída da doença e a uma vida mais longa após o transplante.
Biomarcadores para prever eficácia de tratamento para o câncer de colo do útero
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Autores: Patrícia Rocha Martins, Kátia Luciano Pereira Morais, Nayane Alves de Lima Galdino, Adriana Jacauna, Sálua O. C. Paula, Wagner C. S. Magalhães, Luciana W. Zuccherato, Larissa S. Campos, Paulo Guilherme O. Salles e Kenneth J. Gollob
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Instituição: Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein
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Título: Linking tumor immune infiltrate and systemic immune mediators to treatment response and prognosis in advanced cervical cancer
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Artigo: nature.com/articles/s41598-023-49441-2
O estudo analisou o perfil imunológico de pacientes com câncer de colo do útero antes de receberem quimiorradioterapia. Pacientes que responderam ao tratamento tinham mais células de defesa do corpo (linfócitos infiltrantes de tumores – TILs), bem como um perfil imunológico sanguíneo distinto em comparação aos que não responderam.
Esses achados sugerem que a quantidade e localização de TILs no tumor e o perfil imune sanguíneo podem servir como biomarcadores para prever a eficácia do tratamento para o câncer de colo do útero, considerado o terceiro mais comum entre mulheres no Brasil.
Níveis de proteínas como base para tratar leucemia mieloide aguda
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Autores: Keli Lima; Maria Fernanda Lopes Carvalho; Diego Antonio Pereira-Martins; Frederico Lisboa Nogueira; Lívia Bassani Lins de Miranda; Mariane Cristina do Nascimento; Rita de Cássia Cavaglieri; Jan Jacob Schuringa; João Agostinho Machado-Neto; Eduardo Magalhães Rego
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Instituição: Faculdade de Medicina da USP
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Título: Pharmacological Inhibition of PIP4K2 Potentiates Veneto-clax-Induced Apoptosis in Acute Myeloid Leukemia
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Artigo: mdpi.com/1422-0067/24/23/16899
O estudo investiga as proteínas PIP4K2, que ajudam a criar uma molécula importante para a comunicação celular. Em pacientes com leucemia mieloide aguda (LMA), níveis altos das proteínas PIP4K2A e PIP4K2C estão ligados a um pior prognóstico.
Neste estudo, os pesquisadores analisaram a presença dessas proteínas em células de leucemia e em amostras de pacientes com diferentes características genéticas e descobriram que os níveis de PIP4K2 influenciam a sensibilidade e resistência a vários medicamentos. Ainda, altos níveis de PIP4K2A estão associados à resistência ao medicamento venetoclax, que ajuda a reduzir as células cancerosas.
O tratamento combinado com o inibidor THZ-P1-2 e o venetoclax mostrou ainda uma maior redução na viabilidade das células de leucemia e um aumento na morte celular, além de ter afetado a expressão de vários genes relacionados à sobrevivência celular. O estudo sugere que entender melhor os níveis de PIP4K2 pode ajudar a desenvolver terapias combinadas mais eficazes para tratar a LMA.
Finalistas da categoria inovação tecnológica em oncologia
Terapia acessível para neoplasias hematológicas
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Autores: Renata Nacasaki Silvestre; Julia Teixeira Cottas de Azevedo; Mariane Cariati Tirapelle; Daianne Maciely Carvalho Fantacini; Lucas Eduardo Botelho de Souza; Kamilla Swiech; Kelen Cristina Ribeiro Malmegrim; Dimas Tadeu Covas; Rodrigo T. Calado; Virginia Picanço e Castro
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Instituição: Hemocentro de Ribeirão Preto/USP
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Título: Potencializando a Imunoterapia com células NK: Desenvolvimento de um novo vetor NK-CAR.19 coexpressando o complexo IL-15/IL-15Ra, resultando células NK independentes de IL-2 e com alto efeito antitumoral in vivo
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Artigo: frontiersin.org/journals/immunology/articles/10.3389/fimmu.2023.1226518/full
A terapia com células CAR-NK (de natural killers, linfócitos inatos que têm atividade antitumoral) pode oferecer um tratamento de neoplasias hematológicas mais acessível, em comparação com o tratamento com células CAR-T, que enfrenta desafios como altos custos e complexa manufatura.
Os pesquisadores desenvolveram um vetor CAR inovador expressando uma citocina artificial, alcançando resultados promissores no tratamento de câncer de células B em modelos animais.
Nova opção de tratamento para câncer de bexiga
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Autores: João Carlos Cardoso Alonso; Bianca Ribeiro de Souza; Ianny Brum Reis; Gabriela Cardoso de Arruda Camargo; Gabriela de Oliveira; Maria Izabel de Barros Frazão Salmazo; Juliana Mattoso Gonçalves; José Ronaldo de Castro Roston; Paulo Henrique Ferreira Caria; André da Silva Santos; Leandro Luiz Lopes de Freitas; Athanase Billis; Nelson Durán; Wagner José Fávaro
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Instituição: Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
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Título: OncoTherad® (MRB-CFI-1) Nanoimmunotherapy: A Promising Strategy to Treat Bacillus Calmette-Guérin-Unresponsive Non-Muscle-Invasive Bladder Cancer: Crosstalk among T-Cell CX3CR1, Immune Checkpoints, and the Toll-Like Receptor 4 Signaling Pathway
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Artigo: mdpi.com/1422-0067/24/24/17535
O estudo oferece uma nova opção para pacientes com câncer de bexiga que não obtiveram sucesso com o tratamento convencional.
A abordagem imunoterápica provou ser segura, eficaz e capaz de diminuir significativamente os riscos de recorrência da doença.
Dispositivo para tornar radioterapia com controle respiratório mais acessível
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Autores: Silvia Stuart; João Poço; Heloísa Carvalho; Marcus Saad; Ricardo Abe
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Instituição: Radioterapia Icesp/Inrad
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Título: PIPPAS – Controle Respiratório para Radioterapia
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Artigo: journals.viamedica.pl/rpor/article/view/96867
Os pesquisadores desenvolveram um dispositivo para tornar a radioterapia com controle respiratório mais acessível e reduzir as consequências cardíacas do tratamento, como infartos. Esse avanço é especialmente relevante para mulheres com câncer de mama esquerda, mas também beneficia outros pacientes com tumores no tórax.
A ideia é que o dispositivo tenha impacto imediato e, a longo prazo, traga redução significativa nos custos de saúde pública, ao minimizar infartos e outras sequelas relacionadas à radioterapia da região torácica.