Um laboratório espanhol está criando e esterilizando milhares de mosquitos tigre para combater a dengue e outras doenças à medida que as mudanças climáticas incentivam a propagação da espécie invasora pela Europa.
Usando um acelerador de elétrons, o Centro de Controle Biológico de Pragas financiado pelo governo regional em Valência esteriliza e libera cerca de 45 mil mosquitos machos toda semana para que possam se acasalar com fêmeas —cuja picada transmite doenças entre os humanos— e eventualmente reduzir a população geral de mosquitos.
“É uma espécie que está se tornando mais comum com as mudanças climáticas … Existe um ambiente favorável para seu desenvolvimento por períodos mais longos ao longo do ano e suas populações estão aumentando o tempo todo”, disse Vicente Dalmau do departamento de saúde, agricultura e pesca da região de Valência.
Os espécimes para reprodução vêm da região, e os cientistas então usam uma máquina para separar as pupas fêmeas dos machos, antes de usar radiação para esterilizar os machos.
Técnicas de esterilização têm sido usadas em outras partes do mundo, mas o laboratório, usando sua experiência com moscas-das-frutas, está pioneirando seu uso em mosquitos tigre na Europa em um momento de crescente preocupação com o aumento de doenças transmitidas por mosquitos, como dengue, zika e chikungunya.
Dados do Centro Europeu de Controle de Doenças mostram um aumento nos casos importados de regiões onde a dengue é endêmica, bem como um número crescente de surtos locais de vírus do Nilo Ocidental e dengue na Europa.
O mosquito tigre listrado, ou Aedes albopictus, está se espalhando para o norte, leste e oeste na Europa, e agora tem populações autossustentáveis em 13 países, incluindo a Espanha.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) disse no ano passado que as taxas de dengue estavam aumentando globalmente, com casos relatados desde 2000 aumentando oito vezes para 4,2 milhões em 2022, pois acredita-se que um clima mais quente ajude os mosquitos a se multiplicarem mais rapidamente.