Se a situação fiscal não anda fácil no Brasil, tampouco está tranquila nos Estados Unidos, com o déficit orçamentário da maior economia do mundo fechando o ano fiscal de 2024, encerrado em 30 de setembro, em US$ 1,8 trilhão, acima do US$ 1,7 trilhão apurado em 2023.
Os dados, divulgados na terça-feira, 8 de outubro, pelo Escritório de Orçamento do Congresso (CBO, na sigla em inglês), organismo apartidário de análise econômica do Legislativo americano, mostram um aumento nos gastos com juros da dívida e programas sociais. As informações são do jornal The Wall Street Journal.
No geral, o governo americano arrecadou US$ 4,9 trilhões e gastou US$ 6,75 trilhões, de acordo com o CBO. Os números da administração do presidente Joe Biden devem ser revelados no fim de outubro.
Essa não é a primeira vez que os Estados Unidos registram um déficit desse tamanho, mas eles ocorreram durante períodos de guerra e crises econômicas, além do visto durante a pandemia de Covid-19, e não em momentos de baixo desemprego e crescimento robusto.
A expectativa é a de que a situação não melhore tão cedo, se depender dos planos econômicos dos candidatos à presidência dos Estados Unidos, a atual vice Kamala Harris e o ex-presidente Donald Trump.
Ambos propõem medidas que podem adicionar outros trilhões de dólares ao déficit fiscal ao longo da próxima década. Eles também prometeram evitar cortes em programas sociais do governo e no Medicare, sistema de seguros de saúde do governo voltado à população mais pobre. Estas duas frentes são consideradas as mais preocupantes no debate sobre como reduzir o déficit fiscal.
Segundo o Comitê para um Orçamento Federal Responsável (CRFB, na sigla em inglês), organização não partidária e sem fins lucrativos voltada para discutir políticas públicas pelo lado fiscal, as propostas de Trump, como maiores tarifas de importação e ampliação dos cortes de impostos que realizou em seu primeiro mandato, aumentariam o déficit orçamentário em US$ 7,5 trilhões.
O plano de Harris, que envolve desde aumento de impostos para os mais ricos e empresas até ampliação dos programas sociais e cancelamento de dívidas médicas, teriam um impacto negativo de US$ 3,5 trilhões no orçamento do governo americano.
A conexão dos dois candidatos em termos de políticas ruins para o equilíbrio orçamentário tem trazido desânimo a economistas e investidores. Em agosto, três dos maiores gestores do País – André Jakurski, Luis Stuhlberger e Rogério Xavier – disseram que o pleito, marcado para o começo de novembro, será uma escolha do “menos pior”.
Para Jakurski, a eleição é praticamente uma escolha entre um “bêbado conhecido” – no caso, a Harris – e um “alcoólatra anônimo”, que é o Trump.