O governo dos Estados Unidos concedeu US$ 176 milhões (cerca de R$ 999,8 milhões) à Moderna para avançar no desenvolvimento de sua vacina contra gripe aviária, disse a empresa na terça-feira (2).
A concessão acontece em um contexto de aumento de preocupações sobre um surto do vírus H5N1 em vacas leiteiras e as infecções de três trabalhadores de empresa de laticínios desde março, em vários estados do país.
Os fundos da Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Avançado Biomédico dos EUA serão usados para concluir o desenvolvimento e os testes em estágio avançado de uma vacina pré-pandêmica baseada em mRNA contra a influenza aviária H5N1, disse a empresa em comunicado.
O acordo também inclui opções adicionais para preparar e acelerar uma resposta a futuras ameaças à saúde pública, afirma a companhia.
Em março, autoridades dos EUA relataram o primeiro surto do vírus H5N1 em bovinos leiteiros, que desde então, infectou mais de 130 rebanhos em 12 estados.
O CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) americano afirmou que os casos não alteram sua avaliação de que a gripe aviária apresenta ainda um baixo risco para o público em geral e que não há evidências concretas até o momento de transmissão de humano para humano.
Os cientistas estão preocupados que a exposição ao vírus em operações avícolas e de laticínios possa aumentar o risco de o vírus sofrer mutações e adquirir a capacidade de se espalhar facilmente entre as pessoas, desencadeando uma pandemia.
No ano passado, a Moderna iniciou um estudo de segurança e imunogenicidade de sua vacina contra gripe aviária chamada mRNA-1018 em adultos saudáveis com 18 anos ou mais. Esse estudo incluiu tanto o subtipo H5 da gripe aviária que está circulando atualmente em bovinos leiteiros, quanto o subtipo H7 da gripe aviária.
Os resultados desse estudo são esperados para este ano e serão usados para traçar planos de desenvolvimento em estágio avançado, disse a empresa.
A vacina da Moderna usa mRNA, ou RNA mensageiro, a tecnologia presente em sua vacina contra a Covid.
“A tecnologia de vacina de mRNA oferece vantagens em eficácia, velocidade de desenvolvimento e produção, escalabilidade e confiabilidade no enfrentamento de surtos de doenças infecciosas, como demonstrado durante a pandemia de Covid”, disse o CEO da Moderna, Stephane Bancel, em comunicado.
A fabricação de vacinas contra a gripe convencionais usando tecnologia celular ou baseada em ovos pode levar de quatro a seis meses.
Autoridades dos EUA disseram que estavam transformando vacinas em massa da CSL Seqirus que se aproximam do vírus atual em doses finais que poderiam fornecer 4,8 milhões de doses, se necessário.
Essas doses seriam potencialmente usadas para vacinar trabalhadores rurais e outros em risco de exposição ao vírus. Para o público em geral, autoridades de saúde dos EUA e globais afirmam que o risco de gripe aviária permanece baixo.