Enquanto estão focados nos problemas que a Gerdau enfrenta no mercado doméstico, os investidores negligenciam os benefícios da diversificação geográfica da companhia, especialmente sua presença nos Estados Unidos. E isso tem resultado um “gap injustificável em seu valuation”, segundo o BTG Pactual.
Mesmo que 60% do Ebitda seja oriundo da maior economia do mundo, os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner afirmam que as ações vêm sendo negociadas como se a empresa fosse principalmente uma siderúrgica brasileira.
Essa visão tem colocado muita pressão sobre o papel da companhia, diante da situação do mercado local, marcado pelo aumento das importações, demanda baixa e falta de espaço para elevar os preços dos produtos.
“Acreditamos que o mercado está desconsiderando o fato de a Gerdau ser principalmente uma empresa siderúrgica dos Estados Unidos”, diz um trecho do relatório. “Parece injustificado que a Gerdau seja negociada a 4 vezes o Ebitda, enquanto seus pares americanos são negociados a um múltiplo médio de 7,4 vezes o Ebitda, o que representa um desconto significativo, de 45%.”
Caso os investidores dessem o peso adequado às operações da Gerdau nos Estados Unidos, os analistas veem um potencial de um re-rating positivo das ações de cerca de 30%, mesmo considerando um desconto conservador de 15% sobre a unidade de negócios americana.
O banco destaca que as perspectivas são positivas para as operações da Gerdau nos Estados Unidos e para a unidade de aços especiais, que também está exposta ao mercado americano. Os analistas citam o fato de o país ter uma tarifa de 25% sobre produtos importados e os efeitos dos programas de estímulos aprovados pelo presidente Joe Biden, como investimentos em infraestrutura e chips.
“Prevemos que as margens Ebitda permanecerão próximas de 20% indo adiante, em comparação com o histórico de 10% a 12%, que acreditamos não serem mais realistas”, diz trecho do relatório.
Ainda que tenham uma visão positiva quanto aos efeitos das operações americanas nos resultados da Gerdau, os analistas do BTG Pactual mantiveram a recomendação para as ações em neutro e o preço-alvo em R$ 27.
Sobre a situação da Gerdau no Brasil, o relatório aponta que a lucratividade da companhia não deve piorar, mas há dúvidas sobre se as atividades irão se recuperar no curto prazo. A margem Ebitda chegou a 8%, abaixo da faixa histórica de 18% a 20%, e não deve recuar, em meio aos ajustes sendo feitos.
“A realidade é que a Gerdau está trabalhando em uma série de medidas de corte de custos e está buscando ajustar os preços para restaurar os níveis de rentabilidade”, diz trecho do relatório.
Para os analistas, uma forma de os investidores começarem a entender a Gerdau como um investimento que dá exposição aos Estados Unidos seria justamente considerar uma listagem no país. Em conversas com a companhia sobre o tema, a administração apontou que ainda analisa os efeitos da Reforma Tributária e avalia os prós e contra de uma mudança para o mercado de capitais americano.
Por volta das 11h55, as ações preferenciais da Gerdau subiam 1,28%, a R$ 19. No ano, elas acumulam queda de 3,6%, levando o valor de mercado da companhia a R$ 38,2 bilhões.