Dando sequência ao acordo firmado, em novembro, com a controladora Abra e um comitê de credores, a Gol anunciou na noite de segunda-feira, 9 de dezembro, que vai protocolar o plano de reestruturação junto ao tribunal dos Estados Unidos em que tramita o processo do Chapter 11 (equivalente à recuperação judicial).
Em fato relevante, a companhia informou também que buscará a aprovação da declaração de divulgação do plano e o início do processo de votação em audiência perante o Tribunal, marcada para 15 de janeiro.
Em reestruturação desde janeiro, a Gol apresentou um plano que prevê, dentre outras medidas, uma conversão de ações que permitirá reduzir em até US$ 1,7 bilhão sua dívida antes do início do procedimento de Chapter 11 e até US$ 850 milhões de outras obrigações.
No acumulado do terceiro trimestre, a companhia apresentou uma dívida líquida total de R$ 27,6 bilhões, aumento de 43,4% em base anual, e um prejuízo líquido de R$ 830 milhões no terceiro trimestre, uma melhora 36,2% na mesma base de comparação.
No acordo, a Abra, que declarou um total de US$ 2,8 bilhões em créditos, concordou em receber aproximadamente US$ 950 milhões, possivelmente até mais, em novas ações “dependendo da resolução de certas questões pendentes”, bem como US$ 850 milhões em dívida reestruturada.
Os credores quirografários também irão receber novas ações avaliadas em até aproximadamente US$ 235 milhões, conforme acordado em novembro. O valor pode ser maior, dependendo da resolução de certas questões pendentes.
O plano prevê ainda que a Gol vai levantar até US$ 1,85 bilhão em novo capital para prover liquidez incremental para a execução de sua estratégia operacional após a saída do processo. Deste total, até US$ 330 milhões podem ser na forma de emissão de novas ações a serem subscritas por outros investidores.
“O protocolo do plano representa um marco importante rumo à conclusão bem-sucedida da reestruturação financeira e operacional da Gol, implementando um aporte significativo de novo capital para fortalecer as operações da companhia”, diz trecho do fato relevante.
A Gol entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos em janeiro, com os executivos afirmando na ocasião que a companhia ainda sentia os reflexos da pandemia em seus negócios e também por conta dos atrasos nas entregas de aeronaves.
A empresa decidiu pelo Chapter 11 depois de analisar as experiências de outras companhias aéreas com o processo, como foi o caso da Latam. O fato de os arrendadores de aeronaves estarem baseados nos Estados Unidos também foi um fator que pesou na decisão.
Desde o início do ano, as ações preferenciais da Gol acumulam queda de 85%, levando o valor de mercado da companhia a R$ 525 milhões. Os papéis fecharam o pregão de ontem com recuo de 0,79%, a R$ 1,25.