As enchentes que ocorreram em maio no Rio Grande do Sul afetaram diretamente o balanço financeiro do segundo trimestre da Porto. A empresa, que atua em frentes como seguros, saúde, sistema bancário e serviços, viu seu lucro ser impactado em R$ 87,2 milhões pela tragédia. No total, foram pagos R$ 255 milhões em sinistros.
Assim, o lucro líquido da Porto atingiu R$ 584 milhões, queda de 13,9% em comparação com o mesmo período de 2023. Além da crise no RS, o indicador também sofreu com perdas provenientes de uma rolagem de títulos de renda fixa realizada pela companhia. Na visão do CFO da Porto, Celso Damadi, esses eventos não devem se prolongar para o próximo trimestre.
“Nós entendemos que 99,9% do efeito do Rio Grande do Sul ficou restrito ao segundo semestre e acreditamos que foi um impacto bem controlado em relação ao tamanho do problema”, diz Damadi. “A rolagem, por sua vez, foi bastante pontual e só impactou o próprio trimestre, mas deve gerar uma receita maior no segundo semestre”.
Com os efeitos negativos, a sinistralidade da Porto atingiu 52,5% no trimestre, alta de 3,2 ponto percentual (p.p.) em relação aos mesmos meses do ano anterior.
Por outro lado, a receita da holding cresceu 13,6% no período e atingiu R$ 9 bilhões, impactada pelo crescimento no número de clientes, que atingiu 17,7 milhões no trimestre. Dentre as verticais da companhia, Porto Seguro faturou R$ 5,2 bilhões, Saúde, R$ 1,6 bilhão, enquanto Bank ficou com R$ 1,4 bilhão e Serviços, a novata do portfólio, chegou a R$ 635,9 milhões.
Em crescimento, a Porto Saúde registrou o melhor desempenho no período, com avanço 50% na receita. “Nós vemos um momento muito positivo para Porto Saúde em função do modelo de negócios que viemos aprimorando ao longo dos anos”, afirma Paulo Kakinoff, CEO da Porto. “Para os próximos trimestres, nós temos boas razões para acreditar que esse crescimento vultoso continue presente, como projetamos no nosso guidance no início de 2024.”
Segundo Kakinoff, mudanças econômicas como a redução na taxa de desemprego não ajudam diretamente a operação da Porto Saúde, apesar de trazerem um cenário mais benéfico para o setor. “Nós encontramos um nicho de mercado, o de pequenas e médias empresas, que nos permite continuar crescendo, apesar de outros players não acompanharem esse movimento”, diz.
Os executivos da companhia se mostraram animados com o desempenho da Porto Serviços, vertical lançada nos últimos meses. Com portfólio de serviços de assistências residenciais, empresariais e automotivas, a empresa realizou 1,3 milhão de atendimentos no trimestre. O lucro da vertical foi de R$ 48,3 milhões, resultando numa margem Ebitda de 19,7% e num ROAE (Retorno sobre patrimônio médio) de 22% no período.
“A Porto Serviços tem sido a de maior demanda nos últimos meses, tanto por conta dos corretores como por parte dos consumidores”, afirma o CEO. “Esse é um mercado enorme no Brasil e concorre com a economia informal, então nós precisamos continuar atualizando nosso portfólio de serviços e expandindo a nossa penetração geográfica para ver ainda mais crescimento.”
No Porto Bank, a inadimplência das operações de crédito acima de 90 dias encerrou o trimestre em 6,4%, uma redução de 1,1 p.p., permanecendo 1,0 p.p. abaixo da média de mercado.
O índice de eficiência operacional, que leva em consideração a soma das despesas administrativas em relação à receita total, alcançou 11,7% no trimestre, registrando um aumento de 0,3 p.p.