A Mastercard desembolsou US$ 2,6 bilhões na compra da empresa de defesa cibernética Recorded Future, que chega ao portfólio da companhia para proteger o seu robusto sistema de pagamentos, de acordo com o documento enviado ao mercado na quinta-feira, 12 de setembro.
Realizada por meio da empresa de private equity Insight Partners, a aquisição tem a intenção de expandir a capacidade da Mastercard de utilizar inteligência artificial para proteger seus clientes contra ataques digitais e fraudes.
“Juntos, vamos inovar mais rapidamente, criar modelos mais inteligentes e antecipar ameaças emergentes antes que os ciberataques possam ocorrer – em pagamentos e além”, disse Craig Vosburg, diretor de serviços da Mastercard.
A Recorded Future já havia sido notada pelo mercado muito antes da Mastercard. Isso porque, entre seus principais investidores estavam o Google Ventures, CVC da Alphabet e o In-Q-Tel, fundo de venture capital focado em segurança nacional criado pela CIA, dos Estados Unidos.
Em seu portfólio, a companhia possui mais de 1,9 mil clientes em 75 países, mas segue em plena expansão, pois o mercado global de cibersegurança está projetado para crescer 14% este ano, atingindo US$ 215 bilhões, segundo a empresa de pesquisa Gartner. Na perspectiva da Mastercard, o crime cibernético deve custar US$ 9,2 trilhões às companhias em todo o mundo em 2024.
“Ao nos unirmos à Mastercard, vemos uma oportunidade de ajudar mais empresas e governos a determinar os passos para realizar seu pleno potencial – e permitir que todos se sintam mais seguros em suas vidas diárias”, afirmou o CEO da Recorded Future, Christopher Ahlberg, no documento.
A Recorded Future trabalha explorando a dark web em busca de informações pessoais sensíveis, alertando seus clientes sobre suas descobertas. Além disso, a empresa também usa IA para detectar ameaças geopolíticas. Na visão do CEO da companhia, o que a diferencia das outras é sua lista de clientes e a facilidade com que a empresa torna os dados compreensíveis.
A Mastercard vem mostrando ao mercado que se preocupa com a segurança de seus usuários ao reforçar sua infraestrutura global de pagamentos em meio a um momento delicado da segurança digital.
Marcelo Tangioni, CEO da Mastercard no Brasil, revelou ao NeoFeed em junho que um dos focos da companhia passará a ser no segmento de segurança digital. “O nosso modelo tradicional está, de certa forma, limitado a quem quer e pode emitir cartões”, diz Tangioni. “Temos muita oportunidade para diversificar nossa base de clientes e fontes de receita. Mas ainda estamos arranhando a superfície e, literalmente, na ponta do iceberg.”
No Brasil, a situação é ainda mais complexa do que no resto do mundo. Por hora, criminosos cometem 4.678 tentativas de golpes financeiros digitais no país, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Datafolha.
No acumulado de doze meses, o prejuízo causado por crimes via aplicativos e ligações é de R$ 71,4 bilhões. Quando se fala de perdas com crimes patrimoniais, o valor chega a R$ 186 bilhões no último ano. Desse montante, as fraudes em cartões de crédito continuam sendo as de maior volume, o que mostra que os avanços são necessários.