Motorola liga seu “banco digital” no Brasil na disputa contra Samsung e Apple

Motorola liga seu “banco digital” no Brasil na disputa contra Samsung e Apple


O Brasil é um dos poucos mercados em que a Motorola enfrenta gigantes como a Samsung em smartphones. Essa distinção se reflete, por exemplo, no fato de a companhia, parte da chinesa Lenovo, ser liderada pelo brasileiro Sergio Buniac.

Há exatos dois anos, em um dos exemplos desse protagonismo, a marca escolheu o mercado brasileiro para explorar uma nova fronteira, os serviços financeiros, a partir do lançamento de uma conta digital integrada aos seus smartphones, batizada de Dimo.

Fruto de uma parceria com a Jazz Tech e o Banco Arbi, a operação já soma 2,5 milhões de clientes e mais de R$ 1,5 bilhão em transações. E, agora, vai ampliar seu poder de fogo com uma “arma” até então guardada nos bastidores e que é sua principal aposta para fincar de vez seus pés nesse novo espaço.

Em um movimento antecipado com exclusividade ao NeoFeed, o Dimo está lançando oficialmente a oferta de um plano de financiamento de smartphones da marca. E, nessa pegada, a fintech planeja ir muito além do universo da Motorola.

“O crédito é um pain point para o nosso consumidor”, diz André Bahbouth, head de serviços financeiros da Motorola, ao NeoFeed. “E o financiamento era uma peça-chave para ampliar o acesso a novas tecnologias embarcadas no aparelho, como 5G e inteligência artificial, e fidelizar a marca.”

Como parte dessa estratégia, o primeiro passo será oferecer a contratação dos financiamentos, antes restrita, em um projeto-piloto, a cerca de cem lojas físicas da Motorola, ao aplicativo do Dimo. Outra frente será estender essa oferta a canais de parceiros.

Nessa largada, os planos estarão disponíveis em 200 lojas de parceiros. Essa base inclui tanto pontos-de-venda de agentes autorizados de operadoras de telecom, como HS Telecom, Mastercell e Jufap, até varejistas regionais, como Nagem, no Nordeste, e Info Store, no Amazonas.

Sem alarde, a modalidade começou a ser testada há dois anos. O projeto-piloto foi ganhando terreno até cobrir a base de Moto Stores, as lojas próprias da marca, em todo o País. Esses pontos-de-venda são, inclusive, outra iniciativa que teve o Brasil cono ponta-de-lança no mapa global da Motorola.

Durante o projeto-piloto, o Dimo desenvolveu três versões do plano de financiamento a partir dos feedbacks de vendedores e consumidores, além de azeitar suas engrenagens de score de crédito.

“Não pegamos uma política de crédito de mercado e transportamos para o mundo Motorola”, diz José Roberto Kracochansky, CEO da Jazz Tech, parceira de banking as a service do Dimo. “Então, nós precisávamos amadurecer algumas safras de crédito com nosso algoritmo.”

Os executivos não revelam dados de inadimplência e de operações realizadas no projeto-piloto. Mas entendem que, após ajustes que envolveram desde a extensão dos limites de crédito até a opção de incluir acessórios e o seguro do aparelho no financiamento, é hora de escalar essa oferta.

O plano formatado inclui de três a dezoito parcelas, juros a partir de 2,99% ao mês e um valor de entrada a partir de 10% do preço total do montante financiado. Após o primeiro desembolso, o consumidor tem até 60 dias para quitar a próxima parcela. Ainda restritas às lojas físicas, a aprovação e a contratação dos planos são feitas em até dez minutos.

“Ao fazer o financiamento, o consumidor também está abrindo uma conta conosco”, diz Bahbouth. “E as parcelas vão ser pagas diretamente no aplicativo do Dimo, que já vem embarcado em qualquer aparelho da marca. Tudo isso vai retroalimentando esse ecossistema.”

Nova arena

Com os financiamentos, a Motorola alimenta outra ambição. “Somos muito fortes no intermediário, mas queremos crescer também no premium”, diz Renato Arradi, diretor de desenvolvimento de negócios e serviços digitais da marca, sobre o espaço dominado por Samsung e Apple.

Na disputa entre as três marcas, levando-se em conta todos os segmentos da categoria, a Samsung segue no topo, com uma fatia de 38,78% do mercado brasileiro de smartphones, contra os 37,57% registrados há um ano, segundo a consultoria StatCounter.

A Apple, por sua vez, perdeu terreno, recuando de uma fatia de 18,25% para 7,82%. Já a Motorola vem reduzindo sua distância da Samsung. No intervalo, sua fatia subiu de 19,09% para 24,88% e o entendimento é de que, com os financiamentos, é possível avançar ainda mais.

Essa percepção favorece o high end, já que esses planos – que cobrem inclusive o Razr, modelo mais caro da marca, com preço de R$ 6,5 mil – seriam um estímulo para que os consumidores façam um upgrade em seus aparelhos.

Tal visão é sustentada por um indicador contabilizado nos dois anos de projeto-piloto. Nesse período, o tíquete médio dos financiamentos dobrou e hoje está na faixa entre R$ 2 mil e R$ 3 mil.

Os dois principais rivais da Motorola também vêm se movimentando na arena dos serviços financeiros. Samsung e Apple já oferecem, por exemplo, carteiras digitais associadas a cartões de parceiros. Há cinco anos, a empresa da maçã foi além e lançou um cartão de crédito próprio, o Apple Card, nos Estados Unidos.

Fruto de uma parceria com o Goldman Sachs, o projeto também incluía uma conta-poupança. O acordo entre as duas partes passa, porém, por desgastes desde o fim de 2023. E, em setembro deste ano, veio à tona a notícia de que o J.P. Morgan estaria negociando para assumir a operação.

Os executivos por trás do Dimo acreditam, no entanto, que o diferencial do projeto é seu portfólio mais robusto, que inclui pagamento de contas e boletos, PIX, TEDs, portabilidade de salário, recargas no celular, saques no Banco24horas e antecipação de saque-aniversário do FGTS.

Num escopo mais amplo de competição, que inclui ainda os bancos tradicionais e fintechs, a ideia é adicionar mais ofertas a esse pacote no médio prazo. Mas a visão é de que o Dimo tem outras armas para se tornar gradativamente uma das principais opções de serviços financeiros para os consumidores.

“Há vários bancos digitais que são mobile first, mas estamos falando aqui de um projeto mobile native”, diz Kracochansky. “E nós acreditamos que, no Open Finance, a principalidade não vai ser atingida pelos serviços financeiros em si. Mas pela jornada, a segurança e a comodidade dessas ofertas.”





Fonte: NeoFeed

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