Quando o mato era muito alto, e pouco investidores olhavam para ativos internacionais, a Arbor Capital começou a apostar nessa tese. Primeiro, como um clube de investimento. Depois, como uma gestora.
Dez anos depois, a Arbor Capital está “surfando” na onda desses investimentos com uma carteira majoritariamente formada por empresas de tecnologia dos Estados Unidos, mas com exposição global.
“No mundo, onde você não tem crescimento estrutural de PIB, você precisa comprar crescimento através de inovação ou mudança de hábito. E isso acaba transbordando para a tecnologia”, afirma Leonardo Otero, sócio da Arbor Capital, ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que tem apoio da JHSF.
As principais posições na carteira da Arbor Capital são Microsoft, na qual está há oito anos, e a TSMC, empresa de Taiwan que surfa a onda da inteligência artificial e é fornecedora de empresas como a Nvidia (a grande estrela da área de IA) e até mesmo a Apple.
“A Microsoft tem um retorno de 29% ao ano em dólar e segue sendo um investimento muito bom e de baixo risco”, diz Otero. “Depois da internet, a inteligência artificial vai ser, sim, uma tendência de longuíssimo prazo.”
Mas a Arbor Capital, que tem R$ 500 milhões sob gestão, montou posições em diversas outras empresas. No Google (hoje Alphabet), a gestora carrega as ações há 10 anos. Na Amazon, há 7 anos. E no Booking, desde o início do fundo em 2014.
Para escolher uma empresa na qual investir, a Arbor Capital analisa diversos fatores. O primeiro deles é o crescimento, que precisa ser duplo dígito por longo tempo. Depois, as companhias têm de ser lucrativas e ter alto retorno sobre o capital.
Outro característica é estar em país com uma política e uma economia estável. E, por fim, o valuation de entrada, que é um dos maiores riscos na hora de investir.
“Todas as nossas empresas são grandes, estão extremamente bem-posicionadas e têm vantagens competitivas enormes”, afirma Otero. “Mas, até por conta disso, não são muito baratas.”
Isso não significa que a gestora só investe em tech – e também que o Brasil está fora do radar. Por aqui, o olhar da Arbor Capital é no que ela chama de teses oportunísticas. E duas empresas são suas apostas: PetroRio e Stone (que, apesar de ser brasileira, tem ações na Nasdaq).
Previdência e direitos autorais
A Arbor Capital conta com dois fundos. O primeiro deles é um fundo long only com mandato global que faz hedge cambial e não está exposto a nenhuma moeda. O segundo, lançado recentemente, é o Arbor Hedge, um long bias que mescla ações e renda fixa.
O plano da gestora, agora, é ter um fundo de previdência, que busca seguir a estratégia do Arbor Hedge e será lançado, até o fim deste ano, em parceria com o Icatu.
“A exposição será 50% em ações, a maioria offshore, e 50% em renda fixa”, afirma Otero. “Vamos combinar o melhor dos EUA, que são as ações, com o melhor do Brasil, que é renda fixa”.
Nesta entrevista, que você assiste no vídeo acima, Otero fala também da estratégia de private equity da Arbor Capital, que investe na Adaggio, uma consolidadora do mercado de direito autoral, dona de um catálogo com mais de 150 mil músicas de nomes como Mamonas Assassinas, Legião Urbana, Jorge Aragão, Cidade Negra e muitos outros.