Na saga da venda da Paramount, um plot twist de US$ 43 bilhões

Na saga da venda da Paramount, um plot twist de US$ 43 bilhões


Há três semanas, um acordo de fusão proposto pela Skydance parecia indicar um final feliz na saga da família Redstone, o clã por trás da Paramount, na tentativa de buscar um sócio ou um comprador para o grupo conhecido por produzir clássicos do cinema como “O Poderoso Chefão” e “Titanic”.

Esse scritp ganhou, porém, novos argumentos e personagens que prometem esticar um pouco mais essa trama. Nesta quarta-feira, 31 de julho, a Apex Capital Trust apresentou uma oferta concorrente a da Skydance para comprar a Paramount.

A entrada em cena da empresa vem com um acordo que pode chegar a um total de até US$ 43 bilhões. E se encaixa nos termos da transação firmada pela Paramount com a Skydance, que definiu um período de 45 dias para que o grupo avaliasse outras propostas. O prazo se esgota no próximo dia 21 de agosto.

“A Paramount e seus ativos são um tesouro nacional e pretendemos tratá-los como tal. O futuro global da Paramount é brilhante, mas requer recursos, que nós temos e estamos entusiasmados em aplicar”, afirmou, em nota, Tatiana Logan, conselheira-geral da Apex Trust.

A Apex Capital está propondo comprar 100% do capital da National Amusement (NAI), empresa do clã Redstone que detém cerca de 80% das ações com direito a voto da Paramount. O grupo ofereceu um preço de US$ 35,03 e US$ 23,28, respectivamente, pelas ações ordinárias Classe A e Classe B da NAI.

Sob os mesmos temos, a oferta cobre 100% das ações ordinárias Classe A e Classe B dos demais acionistas da operação. Segundo a empresa, os valores representam um prêmio de 33% sobre a alta do papel nas últimas 52 semanas.

O pacote também envolve o compromisso de assumir a dívida total da Paramount, no valor de aproximadamente US$ 15,8 bilhões, além do pagamento da taxa de rescisão relativa ao acordo com a SkyDance, de US$ 400 milhões.

Em uma última linha, a Apex se comprometeu a injetar cerca de US$ 10 bilhões no capital de giro da Paramount após o fechamento da transação, para fins de implementação do plano de negócios para o grupo.

Segundo a empresa, a estratégia desenhada para a Paramount inclui as frentes de criação, aquisição, proteção e monetização de conteúdo; inovação de ponta, tecnologia e inteligência artificial; foco no consumidor; expansão global; e contratações para reforçar a equipe.

Com sede em Pittsburgh, a Apex Capital Trust é uma holding de investimentos com maior presença no setor de finanças. A empresa detém participações em bancos, fintechs, cooperativas de créditos e consultorias de investimentos, entre outros segmentos.

Principal rival da Apex Capital nesse roteiro, a Skydance, por sua vez, é comandada por David Ellison, dono de uma fortuna estimada em US$ 8,5 bilhões e filho de Larry Ellison, o cofundador da Oracle. O estúdio independente já produziu filmes como “Top Gun: Maverick” e “Star Trek: Além da Escuridão”.

A proposta da Skydance inclui a promessa de um investimento de cerca de US$ 8 bilhões para se fundir com a Paramount e assumir o controle da operação, que foi avaliada em US$ 28 bilhões. A oferta inclui o pagamento de US$ 2,4 bilhões pela fatia da NAI.

Antes desses dois nomes, porém, outros personagens quiseram ser protagonistas nessa história e mantiveram negociações com Shari Redstone, a CEO da Paramount. A americana Apollo Global Management, de private equity, e o grupo japonês Sony foram alguns desses atores.

No comando do grupo desde 2020, Shari Redstone encampou projetos como o lançamento do Paramount+, serviço de streaming que marcou a entrada da companhia na disputa do mercado liderado pela Netflix.

A iniciativa foi uma entre tantas tentativas da empresa para encontrar novas vias para reduzir os impactos da transição dos espectadores do cinema para os serviços de streaming. Mas, até o momento, consumiu bastante caixa, sem produzir grandes resultados.

Parte desse contexto difícil, que motivou a busca por um M&A por parte da Paramount está expresso no balanço mais recente da companhia, referente ao primeiro trimestre de 2024. No período, o grupo reportou um prejuízo líquido de US$ 554 milhões, contra a perda de US$ 1,1 bilhão de um ano antes.

As ações da Paramount estavam sendo negociadas com alta de 2,80% na Nasdaq por volta das 11h30 (horário local). No ano, os papéis acumulam, porém, uma queda de 21,8%. A companhia está avaliada em US$ 8,1 bilhões.



Fonte: NeoFeed

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