Nos últimos 12 meses, a ação da Nestlé na bolsa de valores da Suíça recua 14,1%, enquanto o principal índice do mercado suíço sobe 13,1%. No ano, a ação da fabricante dos chocolates KitKat cai 8% enquanto as rivais Unilever e Danone sobem 29% e 2,2%, respectivamente. O motivo para comportamentos distintos são os resultados abaixo do esperado da multinacional de alimentos.
Pressionado por balanços fracos, o alemão Mark Schneider, CEO por oito anos da Nestlé, deixou o comando da companhia na terça-feira, 22 de agosto. Em seu lugar assume o francês, Laurent Freixe, que era o líder na América Latina. O Brasil, terceiro maior mercado da empresa no mundo, estava sob o guarda-chuva de Freixe.
Segundo comunicado da Nestlé, Schneider “decidiu renunciar às suas funções como CEO e membro do Conselho de Administração”. Ele deixará a empresa em 31 de agosto.
“Laurent é a escolha perfeita para a Nestlé neste momento. Sob sua liderança, a Nestlé fortalecerá ainda mais sua posição como uma empresa confiável e confiável por meio da criação de valor consistente e sustentável”, disse o chairman Paul Bulcke, em comunicado.
No fim de julho, a Nestlé divulgou os resultados referente a 2023. A receita bruta da multinacional recuou 1,5% no ano passado, para US$ 105,5 bilhões, ante US$ 107,1 bilhões no ano anterior. Pela projeção da companhia, é esperado um crescimento orgânico nas vendas em torno de 4% neste ano e um aumento moderado na margem de lucro operacional.
Schneider, que durante sua gestão reformulou a estratégia da Nestlé priorizando categorias como café e produtos de saúde nutricional, disse após o balanço que a “inflação dos últimos dois anos aumentou a pressão sobre os consumidores e impactou a demanda por alimentos e bebidas”.
Após a divulgação do balanço, analistas classificaram os resultados da empresa como decepcionantes. O principal questionamento era como a Nestlé conseguiria recuperar o crescimento interno real se a maioria dos produtos de consumo vem apresentando um resultado fraco.
A Nestlé vem dizendo, nas últimas semanas, que vai reduzir o aumento de preços por entender que os consumidores estão mais sensíveis aos preços e com um poder de compra reduzido.
Freixe, que ingressou na Nestlé em 1986 na França, é um veterano no mercado de alimentos. E terá como uma das missões focar nas principais marcas da Nestlé para entregar o que o investidor espera de uma companhia com valor de mercado de US$ 275 bilhões.