A Vale foi a protagonista, em Nova York, de um dos eventos corporativos mais aguardados de 2024. A nova edição do Vale Day, encontro da empresa voltada para investidores, teve duas grandes estreias: Gustavo Pimenta participou pela primeira vez como CEO e o CFO Marcelo Bacci falou ao público apenas algumas horas depois de assumir o cargo.
O evento também marcou a apresentação da “Estratégia 2030” da companhia, uma iniciativa que retrata o início de um novo ciclo para a Vale e os caminhos que deverá percorrer nos próximos 5 anos. “Estou muito entusiasmado com o nosso futuro”, disse Pimenta. “É uma direção simples, mas também muito ousada.”
A visão de futuro da Vale está sustentada por três pilares. O primeiro deles diz respeito ao portfólio da companhia. Pimenta afirmou que o objetivo é entregar um portfólio de minério de ferro ao mesmo tempo de alta qualidade e flexível, com foco em soluções orientadas ao cliente, além de acelerar o crescimento no segmento de cobre.
Ao todo, a Vale almeja produzir cerca de 360 milhões de toneladas de minério de ferro em 2030, o que representará um avanço notável em relação às 328 milhões de toneladas previstas para 2024.
Até 2030 , a meta da Vale é fornecer a seus clientes entre 60 milhões e 70 milhões de toneladas de produtos aglomerados, aqueles que detêm qualidade superior – o minério de ferro com essa característica consome menos energia nos processos industriais, o que elimina custos e reduz as emissões de carbono.
A Vale almeja produzir cerca de 360 milhões de toneladas de minério de ferro em 2030
Outro destaque apontado pelo CEO é a produção anual de cobre, metal indispensável na transição energética, que deverá subir das atuais 350 mil toneladas para cerca de 500 mil toneladas. “Há um enorme potencial para aceleramos o negócio de cobre”, resumiu Pimenta.
O segundo pilar da “Visão 2030” da mineradora diz respeito à excelência operacional – ou seja, é uma estratégia orientada para o desempenho. Ela busca tornar a Vale uma empresa cada vez mais competitiva, ágil e impulsionada sobretudo por seus talentos.
Para isso, conforme apontado pelos executivos que participaram do Vale Day, em Nova York, será vital fomentar a inovação e lançar no mercado soluções digitais que façam a diferença para a empresa e seus clientes.
Inúmeras iniciativas terão papel fundamental para estimular a excelência operacional da companhia. A Vale pretende alcançar custos operacionais (ou C1, da mina ao porto, principal métrica usada pelo setor nesse quesito) entre US$ 18 e US$ 19,50 por tonelada até 2030, implementando tecnologias avançadas e melhorias logísticas. Atualmente, o índice está em US$ 22.
O reaproveitamento de rejeitos também insere-se nesse contexto. A empresa já produz 10 milhões de toneladas anuais com rejeitos reprocessados e pretende triplicar esse número até o fim da década.
“Há um enorme potencial para aceleramos o negócio de cobre”, resumiu Pimenta
Os esforços da Vale têm sido reconhecidos no mercado. A empresa apresentou melhora significativa na nota do benchmark do Dow Jones Sustainability Index (DJSI) e no ranking Sustainalytics. A mineradora também lidera iniciativas de descarbonização, como o uso de biodiesel em ferrovias e o desenvolvimento de caminhões elétricos.
Outra ambição da Vale é ser percebida pela sociedade como referência em segurança. Gustavo Pimenta reforçou que a empresa descaracterizou 53% de suas barragens a montante. Em 2024, reduziu o nível de emergência de uma barragem de nível 3, considerada até então em situação crítica de segurança. Outra barragem em nível 3 terá seu nível de segurança melhorado em 2025.
O acordo definitivo sobre a reparação de Mariana e demais cidades e estados atingidos pelo rompimento da barragem da Samarco, em 2015, também foi citado por Pimenta. O executivo lembrou que 73% dos compromissos para a reparação de Brumadinho, município afetado pelo rompimento de uma barragem da Vale em 2019, já foram executados.
O terceiro pilar que guiará a Vale nos próximos 5 anos consiste em ser uma parceira de confiança. Ele prioriza o fortalecimento de parcerias institucionais e sociais, com a Vale comprometida em estreitar laços com comunidades e stakeholders e em construir relações de confiança no longo prazo.
Segundo Gustavo Pimenta, esse compromisso terá impacto positivo nas pessoas e no meio ambiente e proporcionará vantagens competitivas à medida que novas iniciativas forem lançadas.
Nos últimos 5 anos, ressalte-se, a empresa investiu R$ 20 bilhões em programas socioambientais, incluindo ações de preservação da biodiversidade e apoio a comunidades indígenas.
O Vale Day também contou com a participação de Marcelo Bacci, o CFO que acabou de assumir o cargo.
Bacci destacou que a empresa manterá uma política disciplinada de alocação de capital, equilibrando crescimento e retorno aos acionistas. “Queremos aumentar a competitividade da companhia”, disse. “E assim, gerar maior valor aos acionistas e para toda a sociedade.”