As ações da Renner estão em queda desde que a varejista divulgou seu balanço do primeiro trimestre na noite do último dia 8 de maio. De lá para cá, os papéis da companhia registram um recuo de 23,5%, levando-se em conta o seu patamar no fechamento do pregão da quarta-feira, 5 de junho.
Na contramão desse pessimismo, há quem esteja vislumbrando dias melhores para a operação. Esse é o caso do Citi, que publicou um relatório na quinta-feira, 6 de junho, elevando a recomendação da empresa de varejo de moda de neutra para compra.
Embora tenha reduzido o preço-alvo da ação de R$ 18,40 para R$ 18 (upside de 35% sobre o preço de tela) e ressaltado que a rede enfrenta um segundo trimestre turbulento em função das enchentes no Rio Grande do Sul, o banco observou que esse cenário já está precificado. E destacou:
“Acreditamos que a Renner está no início de uma recuperação impulsionada por uma melhora mais ampla no ciclo de crédito brasileiro e na retomada de crédito pela Realize”, escreveram os analistas João Pedro Soares e Felipe Reboredo.
A dupla pontuou que a ação está sendo negociada em um nível atraente, a 10 vezes o preço por lucro de 2025. E acrescentou que o papel deveria ser negociado a pelo menos 13 vezes o lucro por ação no próximo ano.
Apesar do curto prazo desafiador, o banco também destacou alguns sinais positivos no balanço do primeiro trimestre. Entre eles, os bons resultados na Realize, braço financeiro da rede, com redução nas provisões, e o crescimento ligeiramente melhor do que o esperado nas vendas mesmas lojas.
Olhando para frente, o Citi observa que após um início de segundo trimestre marcado por um clima mais quente, o mês de junho já mostra temperaturas abaixo da média histórica nas capitais de São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro.
“O clima atual naturalmente é um bom presságio para a Renner, pois leva a um menor nível de remarcações para as coleções de inverno e, portanto, melhores margens para a empresa”, destaca um dos trechos do relatório.
Em outra ponta, os analistas entendem que o os poderes executivo e legislativo estão “finalmente alinhados” para acabar com a isenção de impostos em compras internacionais de até US$ 50. E ressaltam ainda a proposta aprovada no Congresso que fixa o imposto em 20%.
“Isso deve ajudar a nivelar o campo de jogo, mesmo que não coloque em risco os planos de crescimento de certos concorrentes no país”, afirma a dupla. Eles acreditam, porém, que esse cenário pode desencorajar os planos de expansão de outras grandes plataformas internacionais no País.
A questão da isenção de impostos e o avanço de players asiáticos como Shein, (que deve realizar um IPO na bolsa de valores de Londres) AliExpress, Shopee e Temu foi justamente um dos temas abordados por Fabio Faccio, CEO da Renner, em entrevista concedida ao NeoFeed.
“Não é o pobre que está sendo beneficiado. São quatro das maiores empresas do mundo que estão sendo beneficiadas”, disse Faccio, fazendo uma referência direta ao quarteto formado pelas gigantes chinesas.
Entre outros tópicos, o CEO da Renner também afirmou que o imposto de 20% aprovado na noite da quarta-feira, 5 de junho, no Senado, ainda é metade do caminho para que essa competição seja, de fato, justa.
“Na verdade, o correto seria algo entre 45% e 60% de imposto federal, mais o imposto estadual, que deveria ser entre 22% e 25%. Isso é o correto para dar isonomia. Fora que é preciso coibir fraude”, acrescentou o executivo.
Por volta das 11h45, as ações da Renner estavam sendo negociadas com alta de 3,18%, cotadas a R$ 13,30. Em 2024, os papéis LRNE3 da companhia, avaliada em R$ 12,7 bilhões, acumulam uma desvalorização de 23,6%.