
A Azul concluiu o processo de reestruturação de dívida com credores, arrendadores de aeronaves e fabricantes de equipamentos, após captar US$ 525 milhões junto a investidores.
Com o novo dinheiro em “mãos”, a companhia aérea limpou um total de US$ 1,6 bilhões do seu balanço ao longo do último ano, o que deve representar, na visão da Azul, uma redução da alavancagem de 4,8 vezes o Ebtida para 3,4 vezes em relação ao nível do terceiro trimestre do ano passado.
Na visão do Goldman Sachs, as movimentações feitas pela companhia ao longo de 2024 efetivamente ajudarão a melhorar sua liquidez e reduzir a alavancagem, problema que se evidenciou após a pandemia do Covid-19.
O plano de reestruturação, que também contou com a emissão de 94 milhões de ações para arrendadores e fabricantes, vai significar uma diluição de 27% para os acionistas atuais da empresa.
O Goldman Sachs faz outra conta que leva em consideração o preço médio do ADR da Azul nos últimos 15 dias e inclui a conversão de 35% do principal da dívida. Isso resultaria na emissão de aproximadamente 147 milhões de novas ações.
A conversão da debêntures de 52,5%, por sua vez, adicionaria cerca de 233 milhões de ações ao mercado. Com isso, seriam emitidas cerca de 475 milhões de novas ações implicaria uma diluição de aproximadamente 136% em relação ao número atual de ações.
Com essas ressalvas, os analistas mantiveram a recomendação dos papéis da Azul no patamar neutro, com preço-alvo de R$ 5,40. Na visão deles, as ADRs podem atingir um valor justo de US$ 2,70 por papel. Esses valores representariam um potencial de valorização de 21,3% e 18,9%, respectivamente.
Para Amorim e Frizo, ainda existem alguns riscos que podem colocar a tese da Azul, que assinou recentemente um memorando de entendimento para uma possível fusão com a Gol, em risco.
Entre eles estão as variações no preço do petróleo, que podem afetar os custos operacionais da companhia; as flutuações cambiais; a variação na demanda por viagens nos próximos meses e anos; e o nível de concorrência no setor, a depender das próximas definições junto à Gol.
Em entrevista ao NeoFeed, o CEO da Azul, John Rodgerson, afirmou que as conversas com a Gol foram aceleradas, já que a companhia, controlada pela Abra Group, que tem a família Constantino como principal acionista, deve sair da recuperação judicial dentro de quatro meses.
Enquanto isso, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) já poderiam analisar o mérito do negócio.
Se a operação for concluída, a junção das companhias dará origem a uma empresa com mais de 300 aeronaves, faturamento combinado de R$ 25,3 bilhões de janeiro a setembro de 2024 e 60,3% do mercado nacional, desbancando da liderança a Latam, que tem 39,4%.
As ações da Azul fecharam o pregão desta quarta-feira, 29 de janeiro, em alta de 0,67%. A empresa está avaliada em R$ 1,5 bilhão.