O Censo 2022 do IBGE, divulgado em 2024, mostrou que cerca de 3,5 milhões de imóveis estavam sendo construídos ou reformados no Brasil naquele ano, 40% a mais do que o registrado dez anos antes. Sozinho, o segmento de remodelações movimenta cerca de R$ 250 bilhões em produtos e serviços anualmente.
É mirando nesse mercado que a AQUI Tu Reforma, empresa de tecnologia para construção fundada na Espanha, está desembarcando em território brasileiro, com um investimento de R$ 10 milhões.
A empresa já captou mais de € 7 milhões (cerca de R$ 42,5 milhões) com fundos como a Seaya Ventures, maior fundo de venture capital da Espanha, com mais de € 650 milhões sob gestão e que investiu em marcas como Glovo e Cabify.
A operação será liderada pelo português Paulo Leite e pelo mineiro Breno Arruda, que também tem o direito do negócio em Portugal. O objetivo é replicar a estratégia da marca nos cinco países em que está presente – Espanha, Itália, México, Colômbia e Portugal.
“O maior problema das reformas em todo o mundo é a gestão, não as pessoas ou os materiais, o que faz com que o modelo seja replicável”, afirma Leite, em entrevista ao NeoFeed.
Na prática, a AQUI, que no Brasil passará a se chamar AQUI Sua Reforma, é uma empresa de base tecnológica que busca digitalizar as reformas, unindo empreiteiros e fornecedores aos clientes finais, que não querem ou podem gastar tempo e muito dinheiro com essas obras.
Os empreendedores explicam que, para atingir esse objetivo, a marca conta com dois tipos de franquia, uma digital e outra física. Na digital, os empreiteiros se cadastram e criam um ambiente profissional, onde poderão ser encontrados e solicitados para serviços que são contratados na franquia física.
Assim, as lojas físicas têm a função de atender diretamente o cliente final, que busca por um projeto com custo mais acessível e gerenciado. “Ao chegar na unidade, o cliente é atendido por um arquiteto que projeta os desejos dele. Ele recebe o seu projeto na hora e vê, por meio de óculos de realidade virtual, como aquela obra ficará”, afirma Leite.
Após o projeto aprovado, a companhia lida com todo o processo da obra de forma digital, conectando os empreiteiros aos fornecedores e fazendo a gestão e acompanhamento detalhado de todo o processo. A empresa também conta com garantia para a obra.
O modelo de negócio da AQUI é o formato tradicional de franquias, no qual cobrará uma taxa fixa para a abertura da unidade, que ainda não foi definida pela empresa. Ela recebe também uma fatia do faturamento, chamada de royalties.
Em Portugal, por exemplo, o franqueado paga em torno de € 20 mil para tirar o projeto do papel. O retorno, por lá, está em torno de seis a doze meses.
A empresa projeta ter 100 franquias abertas no país dentro de cinco anos. Nos cinco países em que atua, a AQUI conta com 350 lojas da marca. Com o apoio de parceiros como a Roca, chamada de Deca no Brasil, a companhia realiza em torno de 2,2 mil obras por mês em todo o mundo.
Com foco nas classes média e alta, a AQUI planeja abrir lojas dentro de shoppings no Brasil e afirma que não tem concorrentes diretos para se preocupar. A Leroy Merlin, rede francesa com forte presença no País, desenvolveu um sistema parecido, mas, segundo os empreendedores, não tem a mesma tecnologia.
A preocupação dos dois, no entanto, gira em torno da escala do País, que vai exigir maior controle por parte da empresa, que busca levar o negócio para todas as regiões.
“O maior desafio é a escala, mas no primeiro momento nós já temos uma estratégia para começar aos poucos e expandir de forma sustentável ao longo dos próximos anos”, diz Arruda. “Ao mesmo tempo, o país tem vantagens competitivas como a logística e a digitalização avançada, que nos permitem colocar esses planos em ação.”
Além do Brasil, a marca pretende expandir a sua operação para países como Chile, Estados Unidos e também para o Reino Unido.