Com a combinação de uma demanda aquém do esperado e a expectativa de uma transição mais lenta para a categoria, boa parte da indústria automobilística está reajustando seus planos nos carros elétricos. E, agora, quem está colocando o pé no freio nessa estrada é a maior montadora do mundo.
Segundo o jornal japonês Nikkei, a Toyota planeja reduzir em 30% sua produção global de veículos elétricos para 2026. No saldo final dessa revisão, a companhia mira agora um patamar de 1 milhão de carros no período.
A decisão vem à tona apenas quatro meses depois de a gigante japonesa estabelecer a meta de produzir 1,5 milhão de veículos no período. Em maio, a empresa afirmou que o número balizaria a preparação de sua cadeia de fornecedores para acompanhar a perspectiva de um rápido crescimento na categoria.
Um mês antes, a Toyota anunciou um investimento de US$ 1,4 bilhão centrado em veículos elétricos em sua fábrica em Indiana, nos Estados Unidos. Com o montante, que envolveu um novo SUV e uma linha de baterias, a montadora elevou seu investimento total na unidade a US$ 8 bilhões.
Em fevereiro, nessa mesma direção, a empresa já havia aportado US$ 1,3 bilhão em sua fábrica de carros elétricos no Kentucky. No total, desde 2021, a companhia japonesa investiu US$ 18,6 bilhões para apoiar suas estratégias de eletrificação apenas nos Estados Unidos.
Na contramão desses aportes bilionários, as vendas globais de veículos elétricos vêm perdendo fôlego. Em 2023, foram 9,7 milhões de unidades, alta de 32% sobre 2022, segundo a consultoria britânica GlobalData. Em 2022, a categoria havia registrado um crescimento de 65%.
Mais recentemente, essa desaceleração também foi o motor para que outras gigantes da indústria automobilística revissem seus investimentos e planos na categoria. A Volkswagen é um dos nomes que estão recalculando esse roteiro.
A montadora alemã anunciou na primeira semana de setembro que poderá fechar fábricas em sua terra natal pela primeira vez em sua trajetória de 87 anos. A empresa admitiu que vive uma “situação grave”, especialmente diante de fatores como a concorrência com os players chineses em veículos elétricos.
Antes, no fim de agosto, a Ford fez uma série de anúncios relacionados à sua estratégia de eletrificação. Entre eles, a decisão de descartar completamente a produção de um SUV de três fileiras, 100% elétrico. Com essa e outras medidas, a companhia projeta registrar uma perda de até US$ 1,9 bilhão.