A Verde Asset sempre teve uma estratégia de crédito dentro de seus fundos multimercado. Mas desde abril deste ano, resolveu investir nessa classe de ativos de forma separada com a criação do Verde Ipê, um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC), cuja meta é chegar a R$ 1 bilhão até o fim de 2025.
Mas esse não é o único projeto que está na “prancheta” da Verde Asset, que tem R$ 21 bilhões de ativos sob gestão. O objetivo é ter outros produtos para compor a carteira nos próximos anos. A área de crédito em infraestrutura está no radar, assim como outras classes de ativos incentivados.
“Dentro do mundo de crédito tem toda uma adjacência que a gente toca, mas que ainda não está, que é o mundo dos ativos isentos”, afirma Luiz Parreiras, sócio da Verde Asset, ao Café com Investidor, programa do NeoFeed que tem o apoio da JHSF. “Vamos construir um negócio de crédito em infraestrutura, que é um mundo muito grande. Temos também na prancheta projetos de outros ativos do universo de incentivados.”
Parreiras não quis dar detalhes dos projetos, nem dos prazos. A classe de ativos incentivados é bastante extensa. Inclui desde Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA), bem como fundos imobiliários, alguns tipos de debêntures e Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCI/LCA).
O sócio da Verde Asset diz que, quando vai entrar em uma área nova, procura as pessoas certas, cria processos e busca um bom retorno ajustado ao risco. “Quando falo que estou com o projeto na prancheta, estou trabalhando nessas três variáveis”, diz Parreiras.
No Verde Ipê, a gestora já captou R$ 80 milhões. Os recursos vieram do capital dos próprios sócios, além de terceiros. O espaço em que a Verde Asset quer atuar é o do “high yield”, com ativos pulverizados e com subordinação, um meio do caminho entre o “high grade” (risco baixo/retorno baixo) e o special situation (alto risco/retorno alto). O alvo é um retorno entre CDI+4% e CDI+5%.
Perguntado se a entrada em crédito fora dos fundos multimercado é uma estratégia de diversificação por conta da crise pela qual passa esse tipo de ativo, Parreiras diz que essa é uma infeliz coincidência. “Não fazemos as coisas porque está na moda ou porque está vendendo”, afirma o sócio da Verde Asset.
No primeiro semestre de 2024, os fundos multimercados tiveram resgastes de R$ 81 bilhões, mais de 50% do que o mesmo período do ano passado, quando os saques somaram R$ 52,4 bilhões, segundo dados da Anbima.
Parreiras acredita que alguns fatores que influenciam a crise da indústria de multimercados. “Foram anos bastante complicados para se investir em macro no mundo. E o multimercado brasileiro via de regra é um multimercado macro”, afirma o sócio da Verde Asset.
Diante das rápidas mudanças de “vento” da economia brasileira e mundial, foi difícil para a maioria dos gestores prever cenários. “Dede a alta dos juros em 2022, não tem uma grande tendência”, diz Parreiras. Outros fatores foram os títulos incentivados (na qual a Verde, agora, quer também ter uma fatia em breve) e a tributação de fundos exclusivos, com o fim do come-cotas.
Nesta entrevista, que você assista no vídeo acima, Parreiras fala sobre como a Verde Asset está enfrentando essa crise, diz quais são as alocações que a gestora está fazendo no momento, avalia que o risco fiscal veio para ficar no Brasil e dá sua opinião sobre o trabalho do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.