Aos 93 anos, Warren Buffett atrai dois tipos de preocupação: quem vai sucedê-lo no comando da Berkshire Hathaway e para onde vai sua fortuna de mais de US$ 130 bilhões – o que o coloca como o sétimo mais rico do mundo – após sua morte.
A Fundação Gates vinha sendo a principal beneficiada com a decisão de Buffett, em 2006, de transferir anualmente 5% da sua fortuna para fins filantrópicos. Na quinta-feira, 27 de junho, a organização sem fins lucrativos de Bill Gates recebeu cerca de US$ 4 bilhões em ações classe B da Berkshire Hathaway.
Desde o momento em que Buffett se disse pronto para doar sua riqueza, a Fundação Gates (que era Fundação Bill & Melinda Gates antes da separação do casal) recebeu um total de US$ 39,3 bilhões, entre 2006 e 2023.
Na sexta-feira, 28 de junho, após direcionar a maior parte da sua doação do ano para a Fundação Gates, Buffett disse ao The Wall Street Journal que decidiu para onde irá sua fortuna após sua morte: um novo fundo de caridade supervisionado pela sua filha e dois filhos.
“A Fundação Gates não receberá nenhum dinheiro depois da minha morte”, disse Buffett.
O Mago de Omaha já doou mais de metade das suas ações da Berkshire, um negócio que ele assumiu em 1965 e hoje tem valor de mercado de US$ 883,8 bilhões na Nyse. É bem verdade que todos os anos, além da Fundação Gates, Buffett direciona uma participação menor para as quatro fundações que têm o seu sobrenome.
Neste ano, a Fundação Susan Thompson Buffett, batizada em homenagem à sua primeira esposa, que morreu em 2004, e financia direitos reprodutivos, bem como bolsas de estudo universitárias, está recebendo cerca de US$ 400 milhões em ações classe A (que carrega o equivalente a 1,5 mil ações classe B e tem um poder de voto maior).
As fundações Sherwood, que promove a educação infantil e a justiça social, Howard G. Buffett, que trabalha pela segurança alimentar, mitigação de conflitos e combate ao tráfico de pessoas, e Fundação NoVo, cujos projetos incluem trabalhar com comunidades indígenas, receberam cada uma o equivalente a US$ 280 milhões em ações classe A.
“Sinto-me muito, muito bem com os valores dos meus três filhos e tenho 100% de confiança na forma como eles conduzirão as coisas”, disse Buffett sobre seus filhos Susie, 71 anos, Howie, 69, e Peter, 66.
Buffett não deu detalhes sobre o “novo fundo de caridade”, mas afirmou que seus três filhos decidirão por unanimidade para quais propósitos filantrópicos o dinheiro será destinado. E que essas cinco instituições continuarão sendo beneficiadas por ele apenas em vida.
“Warren Buffett tem sido extremamente generoso com a Fundação Gates ao longo de mais de 18 anos de contribuições e conselhos”, Mark Suzman, presidente-executivo da Fundação Gates. “Ele desempenhou um papel inestimável na defesa e na definição do trabalho da fundação para criar um mundo onde todas as pessoas possam viver uma vida saudável e produtiva.”
Buffett atuou como curador da Fundação Gates até 2021, posição que ele renunciou menos de dois meses após Bill e Melinda anunciarem os planos para o divórcio. Melinda renunciou em junho deste ano à fundação.
Com a decisão sobre o destino da fortuna de Buffett após sua morte, ainda resta a dúvida sobre a sucessão na Berkshire. Em novembro do ano passado, a morte de Charlie Munger, aos 99 anos, mostrou que há um plano traçado para que Greg Abel, 61 anos, vice-presidente que lidera todas as operações não relacionadas à área de seguros da gestora, assuma o comando da gestora.
O processo de escolha do novo comandante da Berkshire Hathaway vem sendo planejado desde 2006, quando Buffett, então com 75 anos, afirmou que a empresa estava preparada para a sua saída.