A XP, conhecida por popularizar o mercado de ações para os investidores, teve de surfar em outra onda para superar um mercado em baixa. E encontrou espaço na boa e velha renda fixa. É o que mostram os resultados do primeiro trimestre de 2024, que acabam de ser divulgados.
A companhia informou ao mercado um aumento de 28% em sua receita, que saltou para R$ 4,3 bilhões no período. Já o lucro líquido, que costuma ser baixo neste trimestre no setor como um todo, aumentou 29% para R$ 1,03 bilhão.
Ainda que este não tenha sido o trimestre em que a companhia obteve seu maior ganho, foi o melhor resultado já registrado pela XP para os três primeiros meses do ano. “É um patamar recorde na nossa história e que mostra a diversificação do nosso resultado”, afirma Bruno Constantino, CFO da XP.
Avaliada em US$ 11,7 bilhões, a XP fechou esta terça-feira com queda de 0,65% no valor de seu papel na Nasdaq. No after hours, por volta das 17h25, as ações da companhia chegaram a cair 5,83%, mas recuaram para uma queda próxima de 2,33% minutos depois.
Apesar da alta do lucro, o Retorno sobre o Patrimônio Médio (ROAE, da sigla em inglês) registrado pela XP no trimestre foi de 20,7%, uma queda em relação ao quarto trimestre do ano passado, cujo percentual foi de 21,1%. Mas aumentou 198 bps ante o primeiro trimestre do ano passado, cujo percentual foi de 18,7%.
A XP indica em seu balanço que o crescimento da receita foi impulsionado pela vertical de Grandes Empresas e Mercado de Capitais, que representam R$ 509 milhões do total – um aumento de 91% na comparação anual. A receita institucional aumentou 7% para R$ 354 milhões.
O destaque, porém, ficou com o varejo. O aumento da receita nesta frente foi de 22% para R$ 3,13 bilhões. O resultado teve influência direta da receita de renda fixa, que mais do que dobrou em relação ao primeiro trimestre do ano passado para R$ 704 milhões.
Constantino não deu guidance de receita para o ano, mas afirmou que a renda fixa deve continuar sendo um dos principais pontos de impulsão da receita em 2024 por conta da taxa de juros.
A receita com cartões também cresceu de forma relevante: alta de 45% para R$ 297 milhões. “O cartão vem sendo a principal frente dentro das novas verticais da XP”, disse o CFO. O número de cartões ativos aumentou 49% no trimestre para 1,2 milhão. “A gente enxerga muito potencial, temos 4,6 milhões de clientes e pouco mais de 1 milhão de cartões.”
Na contramão da renda fixa estão os fundos multimercado. Um dos principais produtos de varejo, a plataforma de fundos da XP teve resultados mais modestos no primeiro trimestre. O crescimento foi de apenas 1% na comparação anual. A receita desta frente ficou em R$ 316 milhões.
“A gente segue crescendo, o número de clientes ativos aumentou 17%, mas a receita cresceu bem menos por uma questão do mix de produtos”, afirma Constantino. “Isso tem relação com o cenário macroeconômico.”
Constantino explica que a XP vem observando um movimento de migração dos clientes de fundos de ações e multimercado para produtos renda fixa e que possuem taxas mais baixas para administração e performance.
Em outros números, a XP informou que agora faz a gestão de R$ 1,14 trilhão em ativos de seus clientes, alta de 20% na comparação anual e de 2% em relação ao fim do ano passado. O número de clientes aumentou 16% para quase 4,6 milhões. Já a carteira de crédito cresceu 29% para R$ 22,5 bilhões.
Este foi um dos últimos trimestres sobre a administração financeira de Constantino, que está sendo substituído por Victor Mansur. O novo diretor financeiro assume o cargo oficialmente no dia 1º de agosto. Constantino, por sua vez, vai permanecer como consultor durante 12 meses e manterá sua cadeira de membro do conselho de administração.