Sem recomendação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), pelo menos 882 pessoas com 61 anos ou mais se vacinaram contra a dengue em laboratórios particulares do Distrito Federal, sendo a mais velha com 112 anos. Os dados são do painel InfoSaúde, da Secretaria de Saúde do DF. A agência indica o imunizante Qdenga, da marca Takeda, para pessoas de 4 a 60 anos.
A faixa etária recomendada pelo Ministério da Saúde é de 10 a 14 anos devido ao alto nível de internações hospitalares de crianças e adolescentes. No DF, 46.994 pessoas do público alvo receberam a primeira dose.
A vacinação feita sem recomendação em bula é considerada como “off label” e acontece apenas mediante prescrição médica. Ela é possível quando agências internacionais regulatórias aprova a aplicação de certo medicamento, como é o caso da Qdenga.
A SES informa que considera a vacinação feita “off label” um “erro” e que as pessoas imunizadas precisam ser observadas pelo laboratório que disponibilizou a vacina por 30 dias. “A pasta, por meio de sua área técnica, sobra a notificação do erro desses estabelecimentos”, esclarece.
A Anvisa informa que não indica a vacinação de pessoas idosas, pois os dados apresentados para a agência pela empresa farmacêutica que produz o imunizante não incluíram estudos com essa faixa etária, “portanto, não foram avaliados dados de eficácia da vacina com adultos acima de 60 anos”.
A Takeda afirma que continua acessando dados e evidências da vacina, mas que as informações disponíveis até o momento “limitam-se à população de até 60 anos”.
O infectologista Marcelo Daher pontua que a vacinação “off label” da Qdenga não apresenta riscos à saúde, mas que não possui garantia de utilidade. “Segurança existe, mas a eficácia da vacina em pessoas acima de 60 anos pode ser que seja muito inferior a outras pessoas”, afirma.