Como o Grupo Dreamers, sócio do Rock in Rio, criou uma “fábrica” de empresas

Como o Grupo Dreamers, sócio do Rock in Rio, criou uma


Filho do publicitário Roberto Medina, fundador da Artplan e criador do Rock in Rio, Rodolfo Medina costuma dizer que o principal ensinamento do pai foi o lema “sonhar e fazer acontecer”. Frase de efeito à parte, ele tem seguido à risca essa lição na condução dos negócios da família.

Após comandar o Grupo Artplan por 12 anos, em julho de 2020, ele assumiu como CEO do Grupo Dreamers, fruto de um rebranding para aproximar as 11 empresas, entre propriedades e sociedades, de comunicação e entretenimento do clã. Muitas delas, derivadas da agência fundada em 1967.

De lá para cá, em um intervalo bem mais curto, o grupo ampliou esse portfólio com outras sete operações, que expandiram seus tentáculos em áreas como inteligência artificial e influenciadores digitais. Boa parte delas, gestadas internamente, em uma espécie de “fábrica de empresas”.

“Se você olhar nossas operações, todas têm sócios e a grande maioria estava dentro de casa, com a gente”, diz Rodolfo Medina, ao NeoFeed. “Das nossas 18 operações hoje, só duas a gente investiu e já existiam. O resto, a gente construiu do zero, com empreendedores.”

Nessa toada, desde 2020, o faturamento do grupo teve um salto de 50%, para R$ 1,5 bilhão. Em 2023, a alta foi de 37%. Além do avanço nos negócios já existentes, quem começou a encorpar esses números, entre 2021 e 2022, foram quatro novas empresas.

Duas delas, a V4 Company, de marketing digital, e a Black Dragons, de e-sports, envolveram investimentos além desse ecossistema. As outras duas nasceram dentro do grupo: a NEXT, agência focada em anunciantes de médio porte, e a Dreamers Village, aceleradora e incubadora.

Essa última ajuda a ilustrar como funciona a “fábrica” do Dreamers. A incubadora é o laboratório tanto para projetos do grupo como para iniciativas testadas com startups e empreendedores. E as três companhias restantes anunciadas no período exemplificam essa pegada.

A Game Code, de projetos para marcas no universo dos games, ganhou status de empresa em maio de 2023 e é liderada por Nicolle Merhy, que também comanda a Black Dragons, investida do grupo e sócia dessa iniciativa.

Já a Context Creative Tech, braço de tecnologia que trabalha com frentes como o uso de realidade híbrida e virtual no mobiliário urbano, foi anunciada em julho do mesmo ano. E é fruto de um projeto com Giovanni Rivetti, profissional com 30 anos de experiência no mercado e CEO da operação.

Lançada em fevereiro deste ano, a gen_c, de marketing de influência, tem origem na junção de parte do time do A-Lab, laboratório de conteúdo da holding, e da Artplan.influ. Eder Redder, head desse último braço e há seis anos na Artplan, virou sócio do grupo e foi o escolhido para tocar a companhia.

Olhar de dono

Medina diz que o desafio nesse modelo é identificar, especialmente em seus quadros, mas também fora deles, quem tem olhar de “dono”. Muito em linha com a visão de uma empresa familiar, como a própria holding.

“Aquilo é seu. Até porque seria impossível eu tocar todos esses negócios. Nem tenho competência para isso”, afirma. “Então, é identificar pessoas para que a gente possa largar a chave daquele cofre, daquele negócio e daqueles clientes, com alguém que esteja de fato comprometido.”

Ele diz que essa orientação trouxe mais velocidade justamente pelo fato de o grupo ser familiar e o board, presidido por Roberto Medina, estar mais próximo no dia a dia, agilizando as decisões. O que não significa que todas as iniciativas vão vingar.

“Temos muitas ideias sendo desenvolvidas. A graça é que eu nem sei quantas, o que significa que o ecossistema está funcionando”, pontua. “Mas não é uma nova empresa toda hora. A gente testa, umas ideias dão certo, outras não correm tão bem. O desafio é adaptar o mais rápido possível.”

Embora não revele muitos detalhes, Medina diz que há outras duas novas empresas no forno que devem reforçar, ainda nesse ano, esse portfólio. Uma na área de conteúdo e, a segunda, em tecnologia. Mas há outros segmentos no radar.

“Tem muitos espaços que não estamos presentes, por exemplo, a produção de conteúdo para plataformas de streaming e cinema”, diz. “E ainda não estamos nem engatinhando no mundo dos games, que é gigantesco e já movimenta mais dinheiro do que música.”

Conexões

Em um olhar mais amplo, dados da consultoria PwC dão uma medida do tamanho do mercado à frente do grupo. Em 2023, o setor de mídia e entretenimento movimentou US$ 35,6 bilhões no Brasil, alta de 5,6% sobre 2022. Para 2027, a projeção é de que essa cifra chegue a U$ 41,3 bilhões.

Há quatro anos, porém, o segmento não ficou imune à pandemia. Com o Grupo Artplan não foi diferente e isso ajudou a desengavetar o seu rebranding, a partir de comitês de crise que reuniram profissionais de todas as empresas, das mais diversas áreas, da operação.

“As empresas tocavam seus negócios separadamente. Quando veio a pandemia, a gente se alinhou pela dor”, conta. “E percebeu que tinha uma força que não estava aproveitando e que nós éramos muito mais poderosos como ecossistema de comunicação do que individualmente.”

Para 2024, Medina diz que um dos grandes focos, em paralelo aos projetos incubados, é seguir estimulando a interação entre as empresas para que elas gerem um volume maior de negócios em parceria. Algo que, segundo ele, está funcionando, mas ainda tem um bom chão para evoluir.

Última edição do Rock in Rio Brasil, em 2022

Um dos palcos para essas conexões será o Rock in Rio, cuja edição, em setembro, vai comemorar os 40 anos do festival, com a previsão de receber 700 mil pessoas. E, ao abrir espaço para outras operações do do grupo, a ideia é ir além desse público.

“A A-Lab, por exemplo, terá 250 pessoas produzindo conteúdo em tempo real para a marca Rock in Rio e patrocinadores”, diz. “Isso será 100% focado nos outros 200 milhões de brasileiros e pessoas no mundo inteiro. Não é mostrar o show, e sim, o mais próximo da experiência do público que está lá.”

Medina diz que a pandemia só reforçou a demanda pelo conceito de “experiência”, algo em que o festival já vinha apostando, ao ir além dos shows tradicionais, com rodas gigantes, montanha-russa, tirolesas, musicais e arenas de game, entre outras atrações.

“Na última edição, a primeira depois da pandemia, fizemos uma pré-venda com 180 mil cards, que esgotaram em 1h30. E as pessoas ainda nem sabiam quem iria tocar”, afirma. “Isso é por causa da experiência, da mágica criada.”

Em linha com sua agenda recente de expansão, a holding tem agora outros coelhos para tirar dessa cartola, além do Rock in Rio, evento em que é sócia do grupo americano Live Nation, por meio da Rock World.

Essa operação passou a abrigar também o The Town, festival lançado em 2023, em São Paulo, e a edição brasileira do Lollapalooza, que, até o ano passado, tinha como produtora a Time For Fun.

“Estamos falando dos três maiores projetos de festivais do Brasil”, diz Medina. “Éramos uma empresa que fazia o Rock in Rio Lisboa e o Rock in Rio Brasil. Agora, deixamos de ter um festival a cada dois anos para ter dois por ano.”





Fonte: NeoFeed

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