Brasil tem morte por coqueluche após três anos sem óbitos – 26/07/2024 – Equilíbrio e Saúde


Um bebê de seis meses morreu após contrair coqueluche em Londrina, no norte do Paraná, segundo informações do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná. É a primeira morte registrada no Brasil em três anos. Um segundo óbito está sendo investigado também no Paraná.

Nos últimos cinco anos, foram registrados no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) 12 mortes pela doença, sendo 11 em 2019 e uma em 2020, no estado do Paraná. Desde 2021 não haviam óbitos.

A Secretaria Municipal de Saúde de Londrina, em nota, afirmou que o bebê estava internado no Hospital Evangélico, era prematuro e “apresentava atraso nas vacinas do Programa Nacional de Imunização”. O segundo caso, ainda em investigação, é a morte de um bebê de três meses, residente em Irati, sudoeste do Paraná.

A coqueluche é uma infecção respiratória altamente contagiosa causada pela bactéria Bordetella pertussis. É transmitida principalmente por gotículas de tosse ou espirro e é mais grave em crianças, sendo uma das principais causas de doença e morte nesse grupo. Os primeiros sintomas surgem de sete a dez dias após a infecção e incluem febre leve, coriza e tosse, que evolui para tosse convulsa.

Aumento de casos

Os casos de coqueluche no Brasil aumentaram de janeiro a junho deste ano, com 339 confirmações, superando os 214 registrados em todo o ano de 2023, segundo o Sinan. Os estados com mais casos são São Paulo, Paraná e Minas Gerais.

Em São Paulo, 122 casos foram notificados em 2023. Nos seis primeiros meses de 2024, foram 165 registros. As informações são do Informe Epidemiológico de Coqueluche do estado, divulgado no dia 11 deste mês.

No Paraná, o Sinan registrou 55 casos no primeiro semestre deste ano, comparados a nove no mesmo período do ano passado. Em 2023, o estado teve 17 casos confirmados.

Minas Gerais registrou, até junho de 2024, 15 ocorrências ante 13 em 2023. A maioria em crianças menores de um ano.

A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde), braço da OMS (Organização Mundial da Saúde), emitiu um alerta epidemiológico na última segunda-feira (22) sobre o aumento de casos de coqueluche no continente americano, recomendando maior vigilância e atenção às coberturas vacinais em crianças menores de cinco anos, especialmente em grupos com baixas coberturas.

O alerta se deu tendo em vista o declínio da cobertura vacinal registrado durante o período da pandemia de Covid-19 e o aumento dos casos de coqueluche em nível global e em alguns países da região das Américas.

A Opas esclarece que, entre 2010 a 2019, foram reportados cerca de 170 mil casos anuais de coqueluche no mundo. Com as restrições de circulação impostas pela pandemia, esse número caiu para menos de 54 mil, três vezes menor do que a média do período anterior.

Em 2021, registrou-se o menor número de casos globais, com quase 30 mil notificações. O declínio continuou em 2022, atingindo o menor número histórico de 3.282 casos.

Entretanto, em 2023, na região europeia da OMS, foram notificados mais de 30 mil casos. Houve um aumento significativo no segundo semestre de 2023 e no primeiro semestre de 2024. Em maio deste ano, o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês) informou que, nos três primeiros meses de 2024, foram notificados mais casos do que em todo o ano de 2023.

Prevenção

O Ministério da Saúde recomenda a vacinação durante a gestação como forma de proteção contra a doença. A transferência de anticorpos durante a gravidez ajuda a proteger o bebê. A vacina dTpa (contra difteria, tétano e coqueluche) deve ser aplicada a partir da 20ª semana de gravidez, podendo ser administrada em até 45 dias após o nascimento do bebê.

A imunização de mulheres grávidas no caso de um surto oferece proteção ideal para recém-nascidos. Segundo a Opas, é importante atingir e manter a cobertura vacinal acima de 50% para que essa estratégia de vacinação seja efetiva.

A imunização de crianças é feita com a vacina pentavalente (contra a difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e infecções causadas pelo Haemophilus influenzae B) em três doses, aos dois quatro e seis meses de vida, e com a vacina e DTP (contra difteria, tétano e coqueluche) aos 15 meses e aos quatro anos.

Para aumentar a cobertura vacinal, a secretaria da saúde do Paraná lançou uma força-tarefa para apoiar os municípios e focar na vacinação de crianças e adolescentes. A ação é direcionada para as vacinas influenza, pentavalente, DTP, pneumocócica 10 e contra a poliomielite, que tem baixa adesão no estado.



Fonte: Folha de São Paulo

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