Quem não tem certificados de recebíveis agropecuários ou imobiliários (CRA e CRI), “caça” com os certificados de recebíveis tributários (CRT), uma nova modalidade que está sendo lançada no mercado pelo grupo gaúcho Studio em parceria com a One7, uma empresa investida da XP.
As duas empresas estão criando uma forma de antecipar recebíveis tributários que não estão em disputa jurídica. O Grupo Studio, que atua com consultoria fiscal, fará a análise para garantir o lastro do certificado. E a One7 dará o funding. A linha de crédito, neste momento, é estimada em R$ 600 milhões.
“São créditos financeiros que não estão em discussão judicial”, diz José Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio. “São restituições de impostos pagos indevidamente, mas que a equipe da área fiscal ou o sistema usado pela empresa não fez o cruzamento e a identificação.”
De acordo com Monteiro, um exemplo de créditos tributários que podem ser recuperados são vendas feitas a prazo. A empresa recolhe o imposto sobre o valor total da venda, mas se o cliente não pagar as parcelas, ele pode receber de volta parte do imposto. “Existem mais de 200 tipos de exemplos. Esse é um caso típico em que se pode pedir a restituição”, afirma Monteiro.
Mesmo sem disputa judicial, quando uma restituição é solicitada, o prazo para pagamento é grande e pode variar de seis meses a um ano. O alvo do grupo Studio é oferecer a antecipação do recebível com taxa que pode variar entre 1,4% e 2,3%.
Não há um dado sobre o valor de impostos que as empresas têm direito a restituição. Mas Monteiro estima que 1,5% do faturamento de empresas com receita de até R$ 150 milhões pode ser desse tipo de crédito tributário.
O alvo da parceria das duas companhias são empresas de todos os portes. Segundo Monteiro, grandes corporações, mesmo com estruturas jurídicas grandes, “esquecem” de ir atrás desses créditos.
O Grupo Studio, com sede em Porto Alegre, acaba de receber aporte do Equity Fund Group, holding de investimentos que une os portfólios do Braga Participações, family office de João Kepler, e da CaptAll Ventures, braço de venture capital do grupo de comunicação M&P, fundado por Nílio Portella e Túlio Menê
Com 25 anos de operação, atua através de 700 franquias espalhadas pelo Brasil e já teve mais de 25 mil clientes. Entre eles, grandes empresas como Ambev, Coca-Cola, Natura, Chilli Beans e O Boticário.
Já a One7, que atua com crédito para pessoas jurídicas, principalmente empresas de pequeno e médio porte, recebeu um investimento de R$ 110 milhões da XP no ano passado.