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Por meio da iniciativa Todas, começamos a publicar na Folha neste mês a série Direitos Reprodutivos, que fala dos desafios e debates acerca do tema, ainda muito sensível no Brasil.
Quando pensamos no assunto é comum que logo nos venha à cabeça questões relacionadas ao aborto, seja o procedimento feito de forma legal ou a descriminalização. A verdade, porém, é que essa expressão é como um amplo guarda-chuva.
Diz a respeito, por exemplo, a nossa prole. Se queremos ou não ter filhos, quantos desejamos ter e em que momento das nossas vidas. Fala também sobre nosso direito de exercer a sexualidade e a reprodução sem sofrer discriminação, imposição e violência. E além disso, direito a informações e técnicas de reprodução e contracepção.
Então, no final, diz sim respeito ao aborto. Mas também a métodos que auxiliam na concepção, como a fertilização in vitro e o congelamento de óvulos, e técnicas de contracepção, como DIU, camisinha, laqueadura, vasectomia, pílula contraceptiva e pílula do dia seguinte.
Por fim, também é sobre acesso à informação para sabermos tomar as melhores escolhas.
A questão principal é que o assunto é desproporcionalmente ligado às mulheres pelo histórico de que nós somos as principais responsáveis pelo cuidado e a família, e que ainda que sejam direitos, o acesso é por um estreito gargalo.
Mostramos isso na primeira reportagem, que contou como mulheres grávidas que passam por situações em que o aborto é autorizado enfrentam dificuldades para fazer o procedimento. São recusas médicas, humilhações e constrangimento. Mesmo quando a lei está do lado delas, essas mulheres ficam à mercê de médicos e juízes. Juliana Reis, fundadora da ONG Milhas pelas Mulheres, disse à repórter Geovana Oliveira que esse é o “feijão com arroz” do atendimento para aborto legal.
Para falar sobre o tema e os direitos das mulheres, a correspondente nos Estados Unidos, Fernanda Perrin, conversou com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, durante a passagem da chefe da pasta por Nova York para evento da ONU.
O tema se tornou sensível para o governo Lula após o presidente afirmar durante a pré-campanha que essa era uma questão de saúde pública e, após a fala ser usada por adversários, se posicionar contra o procedimento.
A ministra disse que não quer reduzir mulheres ao aborto, e afirmou que fazer a discussão sem o debate a respeito de contracepção seria irresponsabilidade.
Sobre contracepção, publicamos uma reportagem falando do Amazonas, que tem uma das maiores taxas de gravidez na adolescência no país. A repórter Bárbara Blum foi até a Autazes e mostrou como a gestação precoce no estado é agravada por falta de acesso a contraceptivos.
E quando o assunto é a concepção por desejo, nem sempre dá para contar com auxílio do Estado.
Embora os direitos reprodutivos também digam respeito, por definição do Ministério da Saúde, a informações sobre técnicas de concepção, casais são privados da FIV no SUS. A repórter especial Cláudia Collucci mostra que dos 197 centros do país, só quatro atendem a rede pública. Mulheres esperam anos para ter acesso ao procedimento e, quando conseguem, na maioria das vezes precisam bancar parte dos medicamentos, custo que pode chegar a R$12 mil.
Ou seja, nós, mulheres, não temos sequer o amplo acesso aos direitos reprodutivos.
Para ler na Folha
Ainda no mesmo tema, a pesquisadora Diana Greene Foster conversou com a repórter Bárbara Blum sobre mulheres que abortam, e suas pesquisas mostram que elas sentem alívio, não arrependimento.
Mudando de assunto… Metade das mulheres brasileiras já sofreu violência doméstica e familiar, relata Fernanda Perrin. Os dados são do Mapa Nacional da Violência de Gênero, divulgado na última semana na ONU. Clicando aqui você encontra formas de denunciar a violência contra mulher.
Para finalizar, boas notícias! Mulheres precisam de menos atividade física do que homens para reduzir o risco de morte por doenças cardiovasculares ou crônicas. É o que diz um estudo do Colégio Americano de Cardiologia que incentiva a prática entre nós e acende discussões sobre a frequência mínima recomendada.
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