Osteoartrite: entenda o que é e como são os sintomas – 19/05/2024 – Equilíbrio e Saúde


Pode começar como uma pontada no joelho ou quadril ao se levantar da cama. Com o tempo, essa pontada pode se transformar em dor persistente, inchaço ou redução da amplitude de movimento — sinais de uma condição chamada osteoartrite.

Mas, como muitas outras condições crônicas, os médicos não conseguem diagnosticar a osteoartrite até que ela já tenha avançado significativamente e interferido nas atividades cotidianas. Cientistas estão em busca de formas de diagnosticar a osteoartrite mais cedo e evitar ou retardar alguns dos danos causados pela doença, que afeta mais de 32,5 milhões de adultos nos Estados Unidos e mais de 500 milhões de pessoas no mundo todo.

Pesquisas recentes começaram a mostrar que a osteoartrite não é causada apenas pelo desgaste diário das articulações, como a deterioração dos sulcos de um pneu com o tempo. Em alguns pacientes, uma inflamação persistente e de baixo grau pode acelerar a progressão da doença ou até mesmo causá-la.

Os cientistas agora acreditam que os danos podem começar muito antes de os sintomas aparecerem. Em um novo estudo publicado na semana passada, pesquisadores da Universidade Duke identificaram moléculas circulando no sangue de mulheres que podem servir como marcadores da doença até oito anos antes de uma radiografia detectar mudanças em seus ossos.

“Isso nos diz que existe um contínuo da osteoartrite,” afirma Virginia Byers Kraus, autora principal do estudo e professora de medicina na Duke. “Você já está em uma escada rolante que o leva ao caminho dos sintomas e mudanças radiográficas muito antes do que pensávamos.”

O que acontece no corpo na osteoartrite?

A doença afeta a cartilagem, um tecido protetor que serve como amortecedor entre os ossos em suas articulações, permitindo que eles deslizem uns sobre os outros quando você anda, sobe escadas ou se abaixa para pegar compras. Ela está constantemente se desgastando com o exercício e as atividades cotidianas. “Mas nosso corpo geralmente sabe como se reparar,” diz Elaine Husni, diretora do Centro de Artrite e Musculoesquelético da Cleveland Clinic. O líquido ao redor das articulações contém enzimas que ajudam a cortar e remover a cartilagem desgastada, enquanto células especiais consertam danos menores e reconstruem a cartilagem.

Mas esse ciclo de degradação e reparo dá errado em pessoas com osteoartrite, explica Husni. Em alguns pacientes, essas enzimas podem ser muito agressivas na remoção da cartilagem, ou o processo de cura pode ser muito mais lento que a degradação da cartilagem. Em outros, o corpo detecta danos ou estresse nas articulações, o que leva à inflamação. Essa inflamação indica às enzimas que cortam cartilagem que elas precisam remover o tecido desgastado. Mas se o corpo não consegue reduzir a inflamação após as reparações serem concluídas, isso pode levar a mais degradação da cartilagem, completa a médica.

Carregar peso corporal extra é um dos maiores fatores de risco para o desenvolvimento de osteoartrite. Lesões esportivas ou movimentos repetitivos também aumentam o risco de osteoartrite, assim como condições que envolvem inflamação aumentada por todo o corpo, como o diabetes.

Eventualmente, a cartilagem perde sua capacidade de amortecer os ossos. Isso leva a dor, uma sensação de estalido ao mover as articulações, redução da amplitude de movimento e inchaço. Os sintomas da osteoartrite são mais comuns em articulações que suportam peso, como o joelho, quadril e parte inferior da coluna, embora também possam ocorrer nas pequenas articulações dos dedos ou pés, afirma Husni.

Como é feito o diagnóstico da osteoartrite?

Quando um paciente aparece com dor nas articulações, o profissional de saúde pode começar verificando inchaço, testando a amplitude de movimento da articulação e solicitando exames para descartar outros problemas ou tipos de artrite.

O padrão ouro atual para o diagnóstico da osteoartrite é o raio-X, que pode mostrar mudanças na estrutura das articulações associadas à doença. Quanto mais desgastada a articulação, mais estreito aparece o espaço entre os ossos.

No entanto, quando essas mudanças aparecem no raio-X, o dano à articulação já está feito, diz Husni. As imagens de raio-X também nem sempre correspondem à gravidade dos sintomas ou à dor que os pacientes experimentam. “Você pode ter dois pacientes com a mesma quantidade de estreitamento do espaço articular — algo como 2 ou 3 milímetros em um raio-X — mas um paciente pode ter muita dor e o outro pode não ter,” disse Husni.

Embora a equipe de Kraus e outros pesquisadores estejam estudando biomarcadores que possam facilitar o diagnóstico da osteoartrite, pode levar anos para provar que um exame de sangue é confiável o suficiente para ser usado em ambientes clínicos. Os pesquisadores também estão analisando se esses e outros marcadores moleculares podem ser usados junto com medicamentos em ensaios, para medir se os tratamentos experimentais para a osteoartrite estão funcionando ou não, ela disse.

Por enquanto, os pacientes precisam contar com tratamentos de suporte para gerenciar a dor, como almofadas térmicas, fisioterapia e medicamentos de venda livre, explica Kraus.

E as pessoas podem usar o conhecimento de que a osteoartrite é uma doença de progressão lenta para tomar medidas para reduzir o risco da doença ou retardar o desgaste inevitável das articulações, disse Kraus: Manter-se livre do excesso de peso, manter-se ativo e seguir uma dieta equilibrada rica em alimentos anti-inflamatórios pode ajudar a apoiar a saúde das articulações e o bem-estar geral.



Fonte: Folha de São Paulo

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