A empresa de saúde dinamarquesa Novo Nordisk anunciou nesta quarta-feira, 7 de agosto, que reduziu a sua expectativa de lucro para o ano após ter tido vendas fracas no seu badalado medicamente para perda de peso Wegovy no segundo trimestre de 2024.
Esse é o primeiro resultado negativo da empresa pioneira de medicamentos contra obesidade, que também produz o blockbuster Ozempic, fato que a fez se tornar a empresa mais valiosa da Europa e ter o seu valor de mercado cotado a mais de US$ 500 bilhões – hoje, está avaliada em mais de US$ 460 bilhões.
Agora, os investidores estão preocupados que a concorrência esteja ganhando espaço, como o caso da Eli Lilly, que já tem um medicamento para concorrer com a Novo Nordisk, e de rivais que estão testando remédios semelhantes, a exemplo de Pfizer e Roche.
As vendas do Wegovy, o primeiro medicamento para perda de peso da Novo Nordisk no mercado, aumentaram 53%, para 11,66 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 1,71 bilhão), abaixo dos 13,54 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 1,98 bilhão) esperados pelos analistas. Já as vendas do Ozempic, um medicamento para diabetes com o mesmo ingrediente ativo, também ficaram um pouco abaixo das expectativas.
As ações da Novo Nordisk estão caindo cerca de 5% no pre-market, uma das maiores quedas do índice STOXX 600. Desde junho de 2021, as ações da empresa subiram cerca de 230%.
Em entrevista na divulgação de resultados, o diretor financeiro da Novo Nordisk, Karsten Munk Knudsen, avaliou a reação como esperada, dada a sensibilidade do mercado ao medicamento Wegovy.
Os resultados do segundo trimestre também mostram um lucro aquém das expectativas. O que agravou as preocupações dos investidores de que o domínio da Novo Nordisk no mercado de medicamentos contra a obesidade esteja em risco.
Algumas pesquisas preveem que o mercado de medicamentos contra obesidade possa valer cerca de US$ 150 bilhões no início da década de 2030.
Na call de resultados, o CEO Lars Fruergaard Jorgensen minimizou as preocupações com a concorrência da rival americana Eli Lilly afirmando que não vê essa dinâmica tendo um grande impacto nas vendas no futuro próximo.
Já o CFO Knudsen ressaltou que de fato a recente entrada da Eli Lilly no mercado da obesidade forçou a Novo a reduzir os preços do Wegovy.
Por conta disso, a empresa dinamarquesa reduziu a sua previsão de crescimento do lucro operacional este ano para entre 20% e 28%, de 22% a 30% anteriormente. Já o lucro operacional no trimestre aumentou 8%, para 25,9 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 3,8 bilhões).
Mas nem tudo foram más notícias. A empresa elevou a sua perspectiva de crescimento de vendas gerais para este ano para entre 22% e 28% em moedas locais, de 19% a 27% anteriormente.
Analistas do Barclays e do Citi disseram que, embora os números do segundo trimestre tenham sido mais fracos do que o esperado, as declarações da Novo Nordisk sobre o aumento da produção de Wegovy foram tranquilizadoras.
A Novo Nordisk está gastando bilhões de dólares para aumentar a produção de Wegovy para atender à demanda desenfreada e afastar a Eli Lilly, que lançou sua medicação rival Zepbound nos EUA em dezembro do ano passado.
Embora a Novo Nordisk e a Eli Lilly estejam agora frente a frente com tratamentos para a obesidade em vários mercados, incluindo a Grã-Bretanha e a Alemanha, o mais lucrativo, de longe, é o dos EUA, onde mais de 70% dos adultos são obesos ou têm excesso de peso.
A menor das cinco dosagens de Wegovy ainda está em falta, de acordo com o site da Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, que foi atualizado na noite de terça-feira para mostrar que mais duas dosagens estavam disponíveis.
Na semana passada, a FDA informouu que o Zepbound da Eli Lilly estava disponível, mas não removeu o medicamento de sua lista de escassez. A empresa disse em comunicado que está trabalhando com a Eli Lilly para confirmar que os suprimentos estão estáveis.