O órgão regulador de medicamentos da União Europeia anunciou, nesta sexta-feira (12), após uma investigação de nove meses, não encontrou evidências de que a semaglutida, classe de medicamentos para diabetes e perda de peso, esteja associada a pensamentos suicidas.
A mesma análise já havia sido descartada em estudo nos Estados Unidos.
A semaglutida é o composto presente no Ozempic e Wegovy, da farmacêutica Novo Nordisk.
Após revisar as evidências disponíveis, o Comitê de Avaliação de Riscos de Farmacovigilância da agência, responsável por monitorar os efeitos colaterais dos medicamentos, declarou que não há necessidade de atualizações nas informações dos produtos. Após o anúncio dessas descobertas pela EMA (Agência Europeia de Medicamentos), as ações da Novo Nordisk, empresa farmacêutica dinamarquesa, aumentaram quase 2%.
A descoberta vem depois que o órgão estendeu em dezembro sua revisão da classe de medicamentos para perda de peso e diabetes conhecidos como agonistas do receptor GLP-1. Esses medicamentos atuam retardando o esvaziamento gástrico e aumentando a sensação de saciedade. A EMA solicitou mais dados dos fabricantes para melhor entender a questão.
A análise teve início em julho, após o regulador de saúde da Islândia identificar três casos de pacientes relatando pensamentos suicidas ou automutilação com o uso de tais medicamentos. A revisão concentrou-se nos fármacos contendo semaglutida ou liraglutida, ambos direcionados ao GLP-1.
A liraglutida é o ingrediente ativo do tratamento para perda de peso da Novo Nordisk e Saxenda, enquanto a semaglutida é o ingrediente ativo do Ozempic, o tratamento para diabetes mais vendido, e do Wegovy. A EMA analisou os resultados de um extenso estudo nos EUA e não encontrou uma associação direta entre o uso de semaglutida e pensamentos suicidas.
Resultados de outro estudo conduzido pela EMA também não sustentaram uma relação entre os medicamentos GLP-1 e o risco de pensamentos suicidas. Os levantamentos foram baseados em registros eletrônicos de saúde.
Em janeiro, a revisão preliminar da FDA (responsável por regulamentar drogas e alimenos nos EUA) chegou ao mesmo resultado.
Os agonistas do receptor GLP-1, desenvolvidos originalmente para ajudar a controlar o açúcar no sangue em pacientes com diabetes, nos Ozempic da Novo Nordisk e Mounjaro desenvolvidos pela Eli Lilly, também retardam a digestão e reduzem o apetite.
Ozempic, Wegovy e Mounjaro, até agora, se mostraram relativamente seguros. Seus ensaios clínicos não mostraram risco de suicídio. Mas os médicos estão atentos a perigos previamente não documentados, à medida que milhares de novos pacientes começam a tomar esses medicamentos para perder peso.
Aumento do risco de suicídio resultou em advertências severas sobre remédios para obesidade. Outra fórmula conhecida como Acomplia, da Sanofi, sem aprovação nos EUA, foi retirado do mercado europeu em 2008 por associação a pensamentos suicidas.a
Além disso, em outubro, o Comitê de Avaliação de Riscos de Farmacovigilância divulgou que não encontrou relação entre os medicamentos GLP-1 e câncer de tireoide após uma revisão.
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Mapa mostra as unidades da rede habilitada pelo Ministério da Saúde até set.2020
Mapa Saúde Mental
Site mapeia diversos tipos de atendimento: www.mapasaudemental.com.br
CVV (Centro de Valorização da Vida)
Voluntários atendem ligações gratuitas 24 horas por dia no número 188: www.cvv.org.br.